
O Sindnapi, sindicato que tem entre seus dirigentes Frei Chico, irmão do presidente Lula, movimentou R$ 1,2 bilhão entre janeiro de 2019 e junho de 2025, segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) encaminhado à CPMI do INSS. A informação foi revelada em reportagem do site Metrópoles, nesta quinta-feira (2).
Do total movimentado, R$ 586 milhões correspondem a entradas e R$ 613 milhões a saídas do caixa da entidade, oficialmente chamada de Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical.
O Sindnapi não foi incluído em ação da Advocacia-Geral da União (AGU) contra associações suspeitas de fraude, mas consta em listas da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) como parte do chamado “núcleo do esquema de fraudes” envolvendo descontos indevidos em aposentadorias do INSS. A entidade foi descredenciada após os descontos irregulares.
Segundo o relatório, a arrecadação do sindicato cresceu 78% entre 2020 e 2021, depois de forte queda durante a pandemia de Covid-19. O Coaf também chamou atenção para movimentações em espécie, que somam R$ 6,5 milhões, dificultando o rastreamento dos recursos. “Esse tipo de movimentação é considerado complexo, dada a dificuldade de rastreamento da origem primária dos recursos e da identificação dos beneficiários finais”, diz o documento.
O relatório revelou ainda pagamentos a empresas de familiares de dirigentes:
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R$ 3,2 milhões pagos ao escritório do advogado Carlos Afonso Galleti Júnior, genro do ex-presidente João Batista Inocentini (falecido em 2023), casado com Tonia Galleti, filha do ex-dirigente e coordenadora jurídica do Sindnapi.
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R$ 2,73 milhões à Gestora Eficiente Ltda., empresa de Carlos Galleti e Daugliesi Giacomasi de Souza, mulher de Milton Cavalo, presidente do sindicato. A empresa processava fichas de aposentados e recebia comissão a cada desconto realizado.
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R$ 2,29 milhões à Esférica Assessoria e Sistemas de Informática Ltda., pertencente a Carlos Eduardo Teixeira Júnior, casado com irmã de Tonia Galleti. A Esférica fornecia o sistema usado pelo sindicato para controlar os descontos.
O Sindnapi é citado em investigações da Polícia Federal sobre descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, e o presidente Milton Baptista de Souza Filho também aparece nas apurações. Embora a entidade não tenha sido alvo direto da Operação Sem Desconto, que investiga empresas e associações envolvidas nas irregularidades, ela segue sob investigação da CPMI do INSS.