“Não é momento de abono salarial, não é momento para extorsão, e sim de salvar vidas” diz Pazuello

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, está em Manaus, nesta segunda-feira (11), para falar sobre o plano de contingência para o enfrentamento do Covid-19 no Amazonas. Pazuello falou dentre outras coisas, sobre priorizar a primeira dose da vacina contra a covid-19, enalteceu o trabalho do profissional da área de saúde e, fez um apelo (sem citar nomes) àqueles que aparentemente se aproveitam da situação para cobrar equivocadamente aumento salarial em um momento inoportuno ao invés de tentar salvar vidas, como é o caso do presidente do Simeam Mário Vianna.

O ministro demonstrou conhecer o amazonense chamando de “um povo competitivo”, entretanto ressaltou que é importante mudar a retórica, e o homem tem que sair de casa para procurar o médico. Disse, entre outras coisas, que estava sendo enfático, em dizer que o diagnóstico é de responsabilidade do médico, enquanto o Governo Federal se responsabiliza por abrir todas as unidades de saúde e UBSs.

Pazuello falou também que os conselhos e as classes médicas é que devem fazer o diagnóstico da covid-19 nos pacientes. Cobrou a classe médica sobre a importância do diagnóstico clínico, afirmando ser este de responsabilidade do profissional e não do ‘exame’, ou do ‘teste’. Dentre outras assertivas, repetiu que o diagnostico é do médico, assim como a prescrição do tratamento. Enfatizou em tom de cobrança que a orientação precoce é dos conselhos de medicina. “Tem que cobrar dos conselhos de medicina, dos diretores clínicos dos hospitais, cobrar da ponta da linha da UBS, de como o médico está se portando”.

Sobre a importância do tratamento precoce, o ministro destacou que o mesmo deve ser administrado pelo médico antes do resultado dos exames, que os mesmos são complementos do tratamento, e isso é que vai salvar vidas no caso da Covid.

Pazuello afirmou que o plano de contingência é de reponsabilidade do Governo Federal e Estadual e, enalteceu o Sistema Único de Saúde (SUS), reconhecendo ser este um programa espetacular e reafirmou sobretudo seu apoio.

O ministro também chamou a atenção quando salientou que o momento é de salvar vidas e não de reinvindicações pessoais e ainda reverenciou os profissionais de saúde.

“Esse é o momento dos profissionais de saúde, tem outros momentos no país, nós tivemos momentos que era o Congresso Nacional que era o destaque daquele momento, já tivemos momentos que era a polícia Federal, que era o destaque daquele momento, já tivemos momentos das Forças Armadas, quando nós estávamos de frente com situações complicadas no país, hoje a guerra é o combate do novo coronavirus, os profissionais da saúde são o foco das atenções. Nós precisamos reverenciar o pessoal que tá trabalhando, precisamos trazer de volta o pessoal que cansou”, disse o ministro.

Pazuello também fez um apelo àqueles que aparentemente se aproveitam da situação para gerar o caos com cobranças equivocadas e fora do contexto de pandemia, supostamente usando de politicagem em um momento tão delicado.

“Faço agora um apelo, com certeza tem pessoas aqui, que representam classes, conselhos, o momento agora não é de reivindicações, de abono salarial, o momento é de salvar vidas, a discussão não de quanto eu ganho, de quanto eu vou ganhar, eu estou esperando há 6 anos um aumento, esse não é o momento, senão fica parecendo uma extorsão. O momento agora de salvar a vida dos nossos familiares. E finalizou pedindo calma “Vamos com calma com suas reinvindicações pessoais”, disse, o ministro.

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O tom do ministro levantou suspeitas de que ele estivesse se direcionado ao presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mario Vianna, que tem se pronunciado levianamente contra as medidas tomadas pelo governo, cobrando aumento salarial, entre outras reinvindicações consideradas oportunistas.

Vianna fez um pronunciamento, na noite deste domingo (10), para falar da insatisfação da categoria quanto as propostas de contratação de profissionais de saúde, para prestação de serviço temporário, feitas pelo Estado. No entanto, diante do cenário que o estado apresenta, onde o momento é unir forças para salvar vidas, está sendo apontado como oportunista e incoerente, em usar a pandemia como um meio para tirar proveito.

Em um vídeo com pouco mais de 1 minuto, Mario Vianna falou sobre a atuação dos profissionais de saúde do Estado, durante a pandemia, principalmente dos técnicos em Enfermagem. Ele disse que aos profissionais está sendo oferecida uma remuneração abaixo do valor praticado em Manaus e sem as devidas gratificações, como adicional noturno, ticket alimentação e vale-transporte.

O presidente do Simeam é conhecido por manter ligações políticas e empresariais com adversários do governador. Perito legista da Polícia Civil do Amazonas, ele foi cedido à Secretaria de Saúde do Amazonas de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2015, no governo de Omar Aziz (PSD), atualmente senador.

O ICEA (Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas), do qual Vianna é sócio, manteve contrato com o governo de fevereiro de 2011 até agosto de 2015. Em fevereiro de 2016, foi assinado novo contrato, de R$ 46 milhões, que deveria durar até 2021. No ano passado, porém, o contrato foi revogado pelo governo. Desde então, Vianna se posiciona contra o governo, enquanto deveria estar cumprindo o juramento que fez como médico, que é sobretudo, salvar vidas.

Nos bastidores dizem que ele é orientado pelo Senador Eduardo Braga para atrapalhar as medidas contra o combate à Covid-19 em Manaus e que seria estratégia do Senador Eduardo Braga as reinvindicações, visando as eleições de 2022.