Brasil ultrapassa 500 mil casos confirmados de Covid-19

Brasil – Ontem, maio terminou com o Brasil ultrapassando o marco de 500 mil contaminados e saltando da nona para a segunda posição entre as nações com mais registros da doença, atrás apenas dos Estados Unidos. O país chegou a 514.849 casos e 29.314 óbitos pelo coronavírus. Em apenas 24 horas, foram registrados 16.409 novos contágios, além de 480 mortes.

No mesmo dia, o mundo passou do patamar de 6 milhões de casos — 7,3% ocorreram no Brasil, que tem 2,8% da população mundial.

Segundo ministro da Saúde na gestão Bolsonaro, Nelson Teich deixou a pasta há 17 dias, antes de completar um mês no cargo; desde então, ela é comandada por um interino, o general Eduardo Pazuello. E mesmo com a multiplicação de casos, que faz o Brasil consolidar-se cada vez mais como o novo epicentro da Covid-19, o país permanece sem investir em diagnósticos. Apenas 26,5% dos testes distribuídos até a semana passada pelo Ministério da Saúde foram feitos pelos estados — algumas unidades da federação não atualizam este índice desde abril.

A baixa testagem, a queda da adesão da população à quarentena e a imensa subnotificação são, para especialistas, sinais de que o país já deve contar com milhões de casos não notificados.

Membro de um grupo que busca o desenvolvimento de um teste diagnóstico para a Covid-19, o pesquisador Vasco Azevedo, da UFMG, calcula que o país tenha no mínimo dez vezes mais contágios do que os notificados.

— Não sabemos se as pessoas que circulam nas ruas estão transmitindo o vírus. Sem essa informação, pode ser que o “novo normal” para o país seja a entrada e a saída da quarentena, todas as vezes em que o número de casos aumentar.

Já para o Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Jerson Lima Silva, as políticas de isolamento social tiveram um resultado aquém do esperado:

— As cidades que já conseguiram conter o crescimento exponencial da pandemia devem criar um plano de flexibilização gradual, que dure semanas, até completarem sua reabertura.

Região Norte e interior em alerta

O epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e coordenador da pesquisa Epicovid-19, dedicada ao mapeamento do coronavírus no país, avalia que o número de casos “já está na casa dos milhões faz um bom tempo”.

Seu estudo recomendou que a Região Norte do país recebesse uma atenção especial do governo federal, devido à alta incidência de casos. Duas semanas atrás, após a realização de testes rápidos em um grupo de pessoas em Manaus, a equipe da UFPel divulgou que 11% da população da cidade, que tem 1,8 milhão de habitantes, foi infectada por Covid-19. Trata-se de uma quantidade 20 vezes maior do que a notificada oficialmente.

Segundo o epidemiologista, o Brasil não vive uma epidemia de Covid-19, e sim “várias curvas epidêmicas”. Por isso, diz, os registros de coronavírus podem estar “próximos de baixar” em cidades como Rio, São Paulo e Manaus. Já as prefeituras do interior devem se preparar para a chegada da pandemia.

— Temos que ver qual será a tendência seguida pelo Brasil, mas nós podemos ter resultados tão ruins quanto os europeus.