“Criaram o pânico, né? O problema tá aí, lamentamos”, diz Bolsonaro em dias de recordes de mortes por Covid-19

Em meio ao pior momento da pandemia de covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que “imprensa criou o pânico” sobre a doença no país — que enfrenta uma alta de 11% das mortes em decorrência do coronavírus, enquanto no mundo há um recuo de 6%, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

“O assunto, quando tiver, vai ser pandemia, vacinas”, disse ele em conversa com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada na manhã de hoje. “O Brasil é um país que, em valores absolutos, mais está vacinando. Temos 22 milhões [de vacinas]. Mês que vem deve ser mais 40 milhões. O país está mais avançado nisso. Assinei no ano passado a medida provisória destinando mais de R$ 20 bilhões para comprar vacina. Estamos fazendo o dever de casa”, disse.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil está entre os seis países que mais vacinam a população contra a covid-19 — com 9.157.708 primeiras doses aplicadas, o Brasil é o 6º do ranking em números absolutos, mas em relação ao percentual da população vacinada, o país aparece em 40º (com 3,3% da população imunizada). Já em relação à aplicação da segunda dose, é o 36º (1% foi imunizado).

“Se você ler a imprensa, você não consegue viver”, reclamou o presidente. Cancelei, desde o ano passado [na verdade, 2019] todas as assinaturas de jornais e revistas. Ministros que quiser ler jornal e revista vai ter que comprar. Não leio mais. Não vejo Jornal Nacional, não assisto, que é a maneira que você tem de realmente pensar em coisa séria no país.”

Na avaliação do presidente, os veículos de imprensa “criaram o pânico” na pandemia de coronavírus. “Criaram o pânico, né? O problema tá aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do ‘fica em casa’. O pessoal vai morrer de fome, de depressão.”

A situação brasileira, porém, é grave. Em novembro, a média móvel de mortes chegou a 319 óbitos por dia. Agora, há mais de 40 dias, o país enfrenta médias acima de mil mortes diárias.