Filho de José Sarney recebe R$ 7,5 milhões de empresário preso na Farra do INSS

O ex-ministro do Meio Ambiente e ex-deputado federal José Sarney Filho, conhecido como Zequinha Sarney, recebeu em março uma transferência de R$ 7,5 milhões do empresário Maurício Camisotti, um dos principais alvos da investigação conhecida como Farra do INSS.

O valor, registrado em um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi destinado à empresa SF Consulting Serviços Ltda., de propriedade de Sarney Filho, em 17 de março, semanas antes da deflagração da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em 23 de abril. O relatório não esclarece o motivo do pagamento.

Segundo o RIF, a empresa que realizou a transferência, a Rede Mais Saúde Ltda., seria abastecida por entidades de fachada de Camisotti, envolvidas em descontos ilegais em benefícios de aposentados. O documento sugere que a Rede Mais Saúde poderia ter sido utilizada para blindagem do patrimônio da família Camisotti.

Sarney Filho afirmou que a consultoria firmou contrato com a empresa administrada por Paulo Camisotti, filho de Maurício, e que o contrato não tem relação com o INSS. Ele descreveu sua consultoria como ampla e voltada a assuntos administrativos diversos.

Zequinha Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, foi deputado federal pelo Maranhão por nove mandatos, de 1983 a 2019, e ocupou o Ministério do Meio Ambiente no governo de Michel Temer (2016-2018) e no governo do Distrito Federal (2019-2023). A SF Consulting, criada em março de 2023, tem sede na Asa Norte, em Brasília, e Sarney Filho é o único proprietário.

Maurício Camisotti e a Farra do INSS

Maurício Camisotti é dono de várias empresas de seguros e planos de saúde e está preso desde 12 de setembro. Ele é investigado por controlar três entidades que, juntas, receberam mais de R$ 1 bilhão desde 2021 por meio de descontos ilegais sobre aposentados. Entre essas entidades estão Ambec, Unsbras e Cebap, todas administradas por funcionários e parentes de Camisotti.

A Rede Mais Saúde, aberta em 2012 e ligada à família Camisotti, tem como administrador Paulo Otávio Montalvão Camisotti. Os RIFs enviados à CPMI do INSS mostram movimentações milionárias entre diversas contas do grupo.

A defesa de Camisotti contestou a prisão, alegando que não havia justificativa para a detenção e denunciando arbitrariedades durante a operação policial, incluindo a apreensão de seu celular enquanto falava com seu advogado.