
O presidente da COP30, André Corrêa, afirmou nesta semana que diversos países têm solicitado a mudança da sede da conferência climática da ONU, prevista para novembro em Belém (PA), devido à cobrança de preços considerados abusivos pelos hotéis da cidade. Segundo ele, algumas hospedagens estão pedindo até 15 vezes mais do que os valores de referência.
A declaração foi feita durante evento promovido pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE) em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Corrêa reconheceu que há um sentimento de “revolta” entre as delegações, especialmente dos países em desenvolvimento, que dizem não conseguir participar da conferência devido aos altos custos de acomodação.
“Se na maioria das cidades onde as COPs aconteceram os hotéis passaram a pedir o dobro ou o triplo do valor, no caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de dez vezes os valores normais. Então há uma sensação literalmente de revolta dos países por essa insensibilidade”, disse Corrêa. “Todo mundo que já entrou na internet já viu, os preços estão completamente abusivos.”
Apesar dos esforços do governo federal para conter os aumentos, o presidente da COP30 explicou que não há legislação que obrigue os hotéis a reduzir os preços. “A Casa Civil está tentando sensibilizar o setor hoteleiro, mas acredito que os hotéis não estão se dando conta da crise que estão provocando”, afirmou.
Diante do impasse, a Organização das Nações Unidas convocou uma reunião emergencial nesta semana para tratar do tema. As queixas se intensificaram com a escassez de quartos e o aumento expressivo das tarifas, o que tem comprometido os preparativos da conferência.
Uma nova reunião está agendada para o próximo dia 11 de agosto, com o objetivo de discutir soluções para questões logísticas, como transporte, segurança, alimentação e, principalmente, hospedagem.
Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP30 afirmou que “reitera seu compromisso com a realização de uma conferência climática ampla, inclusiva e acessível”. A pasta informou que um plano de acomodação está sendo implementado em fases, priorizando as delegações envolvidas diretamente nas negociações oficiais.
Atualmente, estão disponíveis 2.500 quartos individuais, com tarifas entre US$ 100 e US$ 600. Para os 73 países classificados pela ONU como Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEIDs), foram reservados 15 quartos por delegação, com preços entre US$ 100 e US$ 200. Para os demais países, a oferta é de 10 quartos por delegação, com tarifas entre US$ 220 e US$ 600.