Plataforma de terapia online registra aumento de procura durante a pandemia da Covid-19

BRASIL – Devido a pandemia da Covid-19, a terapia online tem crescido no país. Com o distanciamento social e o medo de contágio, a procura por atendimento de saúde mental via internet tornou-se uma opção para muita gente, e o número de novos cadastros de profissionais no e-Psi saltou 447%.

A plataforma entrou no ar em novembro de 2018, e o registro no site é uma exigência do Conselho Federal de Psicologia para a atuação online. Desde então até fevereiro de 2020, cerca de 31 mil profissionais fizeram o cadastro. De março do ano passado, quando começou a pandemia, até agosto deste ano, outros 137 mil aderiram.

Ao todo, são 168 mil psicólogos habilitados a fazer o atendimento online, cerca de 40% dos 408.789 cadastrados no conselho federal.

A previsão é que a terapia online continue como uma alternativa viável mesmo após a diminuição das restrições pandêmicas, mas numa intensidade menor, avalia Maycoln Teodoro, diretor da Sociedade Brasileira de Psicologia e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Para ele, muitos profissionais que nunca pensaram nessa opção foram impelidos ao mundo digital, o que fez diminuir o preconceito.

O atendimento online, naturalmente, tem suas desvantagens. “O psicólogo perde dicas corporais, muitas vezes está olhando para a pessoa e, como a câmera está em outra posição, parece estar olhando para outro lugar”, explica. Em contrapartida, ele aponta que os futuros profissionais já estão treinando na prática durante a graduação.

A pandemia acabou impulsionando algumas áreas que não seriam exploradas tão cedo. Teodoro cita o trabalho de uma doutoranda sobre meditação online em grupo e os bons resultados em relação à ansiedade e à depressão. De acordo com ele, a pesquisa seria presencial, mas acabou mudando por causa da Covid-19.

Livros e estudos envolvendo a modalidade digital, independentemente da abordagem, foram publicados recentemente, como “Terapia on-line”, do próprio Teodoro com Katie Moraes de Almondes, e “Clínica Psicanalítica On-line”, de Fábio Belo.

Uma pesquisa publicada no E-Clinical Medicine, pertencente ao grupo The Lancet, em julho de 2020, indica que a sessão online é tão efetiva quanto um encontro presencial em casos de depressão, na TCC (terapia cognitivo comportamental). Nessa abordagem, o profissional trabalha como o paciente interpreta os acontecimentos e, após identificar padrões de comportamento e pensamento, sugere técnicas para mudar esses hábitos.

Conduzida por pesquisadores da Universidade McMaster, do Canadá, a meta-análise avaliou 17 estudos que levaram em conta videoconferência, email e mensagens de texto. Entre as vantagens apontadas, o relatório cita a diminuição de barreiras físicas, já que o paciente não precisa se deslocar, e a versatilidade em relação ao tempo dedicado à conversa com o profissional. Em outras palavras, incentivo para ficar em casa, como no período pandêmico.