Quebras de sigilo revelam indícios de rachadinhas de Jair Bolsonaro e Carlos

Indícios mostram que o presidente Jair Bolsonaro, e seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), e Flávio Bolsonaro, também faziam esquema de “rachadinha” em seus gabinetes. As suspeitas esquentaram com a quebra de sigilos bancário e fiscal de Flávio.

Quatro funcionários que trabalharam para Jair Bolsonaro em seu antigo gabinete na Câmara dos Deputados retiraram 72% de seus salários em dinheiro vivo. Eles receberam R$ 764 mil líquidos, entre salários e benefícios, e sacaram o total de R$ 551 mil.

O assessor Fernando Nascimento trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro de maio de 2009 a maio de 2014. No período, recebeu R$ 164 mil da Câmara dos Deputados. Sacou pelo menos R$ 126 mil, o equivalente a 77% do salário. Em alguns meses, sacou 100% do que recebeu.

Quando saiu da Câmara dos Deputados, Nascimento foi nomeado por Flávio Bolsonaro na Alerj. Por isso, acabou tendo o sigilo bancário quebrado no caso das “rachadinhas”. Em 2019, quando Flávio assumiu cadeira de senador, Nascimento e sua mulher foram nomeados para cargos no Senado.

O secretário parlamentar Nelson Rabello, militar reformado que serviu no Exército ao lado do atual presidente, começou a trabalhar com a família Bolsonaro em 2005, no gabinete de Carlos, na Câmara Municipal do Rio. Ficou 1 mês e depois virou assessor de Jair Bolsonaro em Brasília, até 2011. Depois, atuou no gabinete de Flávio e de Carlos. Em 2017, voltou a atuar com Jair.

Em 6 anos na Câmara dos Deputados, ele sacou 70% do que recebeu (R$ 134 mil dos R$ 192 mil). Apesar do rendimento, em 2012, Rabello chegou a entrar na Justiça para negociar uma dívida de R$ 3.200. Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente, o percentual de saques de Rabello foi maior, 88%.

O secretário parlamentar Daniel Medeiros, que trabalhou para Bolsonaro de 2014 a 2017, sacou 72% do salário.

Um 4º funcionário de Jair Bolsonaro aparece na quebra de sigilo. Jaci dos Santos, sargento reformado do Exército, trabalhou no gabinete do então deputado federal por 8 meses, de dezembro de 2011 a julho de 2012. Ele sacou 45% de tudo o que recebeu da Câmara dos Deputados.

Entre os funcionários de Carlos Bolsonaro que tiveram o sigilo bancário quebrado estão Márcio Gerbatim e seu sobrinho Claudionor Gerbatim.

Marcio, ex-marido de Márcia Aguiar, atual mulher de Fabrício Queiroz, tornou-se funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro em abril de 2008. Ficou no cargo por 2 anos. Nesse período, recebeu R$ 89 mil e sacou pelo menos R$ 86 mil, 97% do que recebeu.

Claudionor, na Câmara Municipal do Rio, sacou R$ 54,8 mil de seus pagamentos de R$ 58 mil, o que equivale a 94% do valor total.

Nelson Rabello, militar reformado que serviu no Exército ao lado do atual presidente, que também fez saques da maior parte do salário quando trabalhou com Jair Bolsonaro, atuou com Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio. No período, sacou 70% do salário em dinheiro vivo.

Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina Valle, 2ª mulher de Jair Bolsonaro, foi vinculada ao gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio de 2006 a 2008. Nesse período, não morou na capital fluminense, mas em Resende, a mais de 150 quilômetros do Rio. Vivia de faxinas e outros trabalhos temporários. Ela recebeu R$ 76 mil e sacou pelo menos R$ 79 mil.