“A gente só quer justiça” diz mãe de adolescente alvejado por PM em Manaus no domingo da Páscoa

”Quando meu filho foi baleado ele caiu no chão e logo em seguida o policial saiu carregando ele como se fosse um cachorro

Desde segunda-feira (6), os familiares e moradores do adolescente alvejado e morto, supostamente durante troca de tiros com a polícia na noite do domingo (4), no bairro Compensa, na zona Oeste de Manaus, clamam por justiça.

OS familiares acusam os Policiais militares da 8ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) e dizem que não vão sossegar enquanto o o policial responsável pela morte do jovem estiver impune. “A gente só quer justiça”, disse a mãe da vítima, durante um protesto na manhã desta segunda-feira (6).

O ato de protesto foi na avenida Brasil, no bairro Compensa, na zona Oeste de Manaus, e iniciou por volta das 10h da manhã, com a população interditando a avenida principal com pneus e ateando fogo para chamar à atenção das autoridades.

”Quando meu filho foi baleado ele caiu no chão e logo em seguida o policial saiu carregando ele como se fosse um cachorro e jogou ele dentro do camburão da viatura. Eu tenho o vídeo de tudo, eu tenho as provas. O meu filho morreu porque ele quis, porque ele não honrou a farda”, disse a mãe inconformada. Ela ressaltou ainda, que a polícia é um risco pra sociedade.

”Se fez isso com uma criança de 17 anos, pode fazer com qualquer pessoa”, alertou.

A tia do adolescente e esposa da outra vítima, o homem que também foi atingido pelos disparos dos policiais, alega que a justificativa da polícia não é verdadeira e que não houve troca de tiros.

”Cadê a outra arma então? Se fosse troca de tiros, eles deveriam ter pego os dois na mesma hora e não foi isso que ocorreu. E quem socorreu o meu esposo foi a própria população. A polícia pediu que eu me acalmasse e disse que os dois tinham pego tiros na perna, quando os próprios funcionários do hospital me disseram que o meu sobrinho já estava com dreno”, diz ela.

”Eu não estou dando a minha cara a tapa aqui por mídia não, eu tenho provas de tudo que estamos falando”, frisou.

A mulher disse que “a nossa família quer justiça e não vamos descansar até conseguir. A vida do Guilherme não volta mais, ele morreu”, mas valor lutar por justiça.

Familiares contam que as capsulas da munições disparadas foram encontradas pelas próprias crianças que, na ocasião do tiroteio, estava comemorando a Páscoa, preparada pelos moradores.

O adolescente morto foi velado na residência onde morava, no beco São João, Compensa, zona Oeste.

Relembre o caso

Dois homens, ainda não identificados, foram baleados em troca de tiros com a polícia na noite deste domingo (4), no bairro Compensa, localizado na zona Oeste de Manaus.

Policiais militares da 8ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), foram acionados por meio de denúncia anônima para atender a ocorrência e ao chegarem no local, foram recebidos com tiros e revidaram, alvejando dois suspeitos, segundo a versão policial.

Os dois homens baleados em confronto com a polícia foram encaminhados ao Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, no Adrianópolis, zona Centro-Sul da capital, onde foram atendidos.

Versão da Família

A família do adolescente, baleado na noite do último domingo (4), nega versão da polícia que houve troca de tiros e alega que o adolescente foi assassinado na frente de outras crianças que, devido o feriado de Páscoa, faziam uma confraternização entre vizinhos. O fato ocorreu no beco São João, bairro Compensa, zona Oeste de Manaus.

Além do adolescente de 17 anos, o tio dele também foi ferido por uma bala, durante o tiroteio da equipe policial. Ele foi levado para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, mas após a internação, a família não teve mais notícias do boletim médico e nem acesso ao homem hospitalizado.

Populares filmaram cenas onde fica claro o momento em que o adolescente baleado é colocado, pela polícia, dentro do camburão da viatura de forma grosseira.