QUE CIDADE É ESSA?

Em tempos da pandemia COVID 19 poderia enquanto arquiteta e urbanista estar promovendo discussões técnicas quanto ao saneamento, infraestrutura, salubridade, ventilação e iluminação natural, espaços públicos e privados coletivos, o papel do gestor público e muitas outras temáticas. Mas não!!!! Aqui convido o leitor a um texto aparentemente leve e simplório.

Penso que a cidade, emaranhada de espaços públicos e privados, edificações arquitetônicas, formais ou informais, não seriam nada se não fossem vivenciadas e nessas relações interpessoais a cidade vai “acontecendo”.

E que cidade é essa em tempos de pandemia COVID 19?

Percebemos, vivenciamos uma cidade despreparada para uma “guerra virótica”!! E assim nós seres humanos vamos acompanhando os jornais, noticiários, redes sociais e vamos “investigando os culpados” pela ausência de infraestrutura hospitalar, por exemplo.

Nos deparamos por um momento “delicado” economicamente, onde todos nós somos agentes sociais desse sistema capitalista.

E em prol de um controle sanitário houve decretos, portarias, orientações para um distanciamento social e funcionamento de estabelecimentos necessários: supermercados, farmácias, unidades de saúde e similares.

A educação deixou de ser presencial e passamos a ter o sistema remoto. Fica em casa!!! É a frase de ordem para um bem comum.

E na prática o que de fato aconteceu?

Uma cidade que funcionou clandestinamente!! Sim… senhores leitores… muitos estabelecimentos em áreas centrais e não só em áreas denominadas periféricas foram agraciados pelo ”funcionamento clandestino”. Precisamos trabalhar, garantir renda para a sobrevivência da grande maioria da sociedade não abastada, é o que todos nós pensamos.

E eu, enquanto profissional e professora observo a cidade, suas relações, o tempo, o que estamos bordando nesse tecido urbano e me pergunto: Será que o distanciamento social sem a real educação ajudará em algum controle?

Somos uma sociedade despreparada para uma pandemia dentre outras mazelas urbanas. Não cumprimos o nosso papel social enquanto responsabilidade coletiva saindo de casa de forma desnecessária para “ matar” as saudades dos nossos amigos, não cumprindo a quarentena quando retornamos de viagens ou simplesmente dando continuidade as atividades laborais, dentre outras situações.

Precisamos refletir sobre a EDUCAÇÂO. Não a educação enquanto formação escolar e doméstica, mas sim enquanto processo URBANO E COLETIVO. E quando pensamos em EDUCAÇÃO URBANA convido a uma outra reflexão: ÉTICA E CIDADANIA!!

Por Melissa Toledo
Arquiteta e urbanista…