Psicologia e serviço social nas escolas

Quando falamos em futuro e em vencer na vida, é praticamente automática a ideia de que o caminho é a educação. Quando estive governador do Estado, em 2017, pude conhecer a fundo as estruturas da educação pública como gestor. Desde lá, cresceu em mim a certeza que de que a educação pública se faz com estrutura de qualidade e um time de professores, pedagogos, merendeiros e o pessoal do administrativo motivados, bem remunerados.

Mas, desde lá, compreendi com mais clareza que, diante da enorme diversidade de realidades dentro das escolas, numa cidade como Manaus, que tem mais de 240 mil crianças e adolescentes na rede municipal de ensino, a educação vai além da relação professor/aluno. Em meio aos desafios sociais, as nossas escolas precisam de reforço no time, com a presença de profissionais especializados nas áreas sociais e psicológicas.

Com mais de 550 unidades escolares, a rede municipal de ensino de Manaus, responsável pela educação básica, não conta com um programa que preste essa assistência aos nossos alunos. Em 2019 foi promulgada pelo governo federal a Lei número 13.935, que garante a psicologia e o serviço social para a educação básica. Mas essa necessidade de uma equipe multidisciplinar é antiga e já foi testada em experiências voluntárias e atestada por estudos científicos que comprovam bons resultados com o público alvo da educação especial, ou não.

Mesmo antes da crise sanitária causada pelo novo coronavírus (Covid-19), reflexões mais recentes dão conta de que a inserção da assistência social e psicológica no cenário educacional é de caráter urgente. São profissionais de grande relevância para a compreensão das demandas escolares e da renovação das estratégias didáticas e metodológicas, considerando a peculiaridade de cada aluno, seja ele uma pessoa com deficiência ou com transtornos como, por exemplo, o autismo, ou ainda de altas habilidades e superdotação.

A escola é um ambiente social onde o aluno interage com os demais indivíduos, espaço voltado para o pleno desenvolvimento da convivência humana, por meio de processos didáticos e metodológicos que viabilizam a aprendizagem.

Mas, para além dos aspectos supramencionados, há de se considerar ainda o papel da avaliação psicológica, no qual o profissional faz um processo para buscar, por meio de testes e entrevistas, entender as características de personalidade e condições de aprendizagem dos alunos. Não se trata de tratamento clínico. Na outra ponta, o assistente social entra com o papel de orientador para os devidos encaminhamentos das demandas sociais aos organismos competentes no município, onde a escola esta inserida.

A necessidade de um programa de psicologia e de assistência social na educação é real e urgente, e Manaus pode se tornar uma cidade modelo quando se fala em educação básica. A gestão municipal só não pode se deixar levar pelas brechas na lei, que não especifica a quantidade ideal de profissionais para atender a rede municipal. Mas, é importante levar a sério tal necessidade, uma vez que a educação de qualidade é sim o caminho certo.

David Almeida
deputado estadual da 15ª a 17ª legislatura, governador do Amazonas em 2017 e presidente estadual do partido Avante no Amazonas