Vida aos pequenos negócios

Mais de 70 dias após o primeiro caso registrado, pelas autoridades oficiais, do novo coronavírus (Covid-19), em Manaus, e depois de muitos dias de aceleração descontrolada, com números assustadores de contaminação e óbitos – fora a subnotificação -, hoje já podemos dizer que há certo alívio na capital, com a redução dos indicadores.

Com esses parâmetros, ainda que incertos, o comércio não essencial vive hoje a expectativa da retomada da atividade de forma gradual, a partir do dia 1º de junho. Em meio à pandemia, o setor se arrasta para sobreviver, principalmente os pequenos negócios dos bairros, como padarias, açougues, mercadinhos, drogarias, lojinhas, entre outros serviços que precisaram fechar as portas em razão do decreto governamental de calamidade pública.

Se a redução dos casos de contaminação e óbitos em Manaus seguir como vem ocorrendo nas últimas semanas, as portas devem começar a se abrir. No entanto, é importante observar que, diante dos riscos de contaminação ainda existentes, consumidores têm deixado de lado os pequenos comércios e escolhido grandes marcas. Para que eles não pereçam nessa reta final da pandemia, tampouco na reabertura gradual do comércio não essencial, precisamos, como sociedade, agir por um dos princípios do consumo consciente, que é o do fortalecimento da economia local, garantindo a renda e os empregos que esses pequenos geram na comunidade.

Pesquisas recentes do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) têm  mostrado que, apesar de não proibidos de funcionar durante a pandemia, os pequenos negócios essenciais têm  sofrido forte impacto com recuo nas vendas e são ainda os que mais têm acesso ao crédito emergencial negado pelas instituições financeiras credenciadas pelo governo federal. Por essas e outras situações, a sobrevivência desses pequenos negócios, em meio à crise econômica, está nas mãos do consumidor do próprio bairro.

Para colaborar com esse trabalho pela sobrevivência dos pequenos, em uma iniciativa com amigos, comecei uma campanha nas minhas redes sociais, chamada “Compre do Vizinho”. Buscamos com ela incentivar o consumo consciente dos moradores dos bairros, a fim de ajudar a aumentar o fluxo de compras nos bairros e na orientação para a ampliação dos cuidados que os pequenos empreendedores do comércio e serviço essenciais devem ter nessa reta final da primeira onda da Covid-19, bem como aqueles do comércio não essencial também devem ter nessa possível retomada da atividade comercial.

Graças a Deus, diante dos quase 30 mil casos de contaminação na capital, mais de 23 mil manauaras já alcançaram o estágio de cura da Covid-19. O número é animador, mas não é hora de afrouxar os cuidados. Por isso, o pequeno comerciante deve também dar o exemplo, com máscara, álcool em gel, entre outras medidas para garantir a sua segurança e a do consumidor que escolheu o seu comércio para fazer as compras.

David Almeida
Deputado estadual da 15ª a 17ª legislatura, governador do Amazonas em 2017 e presidente estadual do partido Avante no Amazonas