Trabalhadores autônomos já sentem no bolso os efeitos da pandemia do coronavírus

Os trabalhadores autônomos e informais estão entre os mais afetados pelas restrições preventivas ao coronavírus.

Profissionais que dependem da circulação de outras pessoas tiveram que desmarcar serviços agendados e estão sem condições de atender, ficando sem a fonte de renda.

Para esse grupo de trabalhadores, o governo anunciou uma ajuda mensal por três meses. O valor inicial de R$ 200 pode subir pra R$ 300, segundo divulgou ontem o ministério da Economia.

A cabeleireira Rafaela Carolina Buava, 22 anos, presta serviços num salão, onde a galeria comercial teve que fechar, a exemplo de outros comércios. Rafaela, outra cabeleireira e duas manicures do salão estão desde quarta-feira passada sem trabalho.

“Ninguém está ganhando nada”, observa a profissional. Ela contra que ao menos seis agendamentos que tinha com clientes foram cancelados e segue na expectativa de retomar o serviço o quanto antes.

De acordo com Rafaela, as contas ainda não estão comprometidas porque o marido trabalha na indústria e está indo pro serviço normalmente. Os gastos do mês foram pagos com uma reserva.

“Mas se a gente não voltar, as contas de abril vão atrasar. Vamos priorizar a alimentação”, adianta a moradora do Cidade Nova. A manicure e cabeleireira Jéssica Dutra, 29, atende na casa dos clientes, mas a quarentena fez zerar os agendamentos.

“Ninguém tá pedindo pra fazer mais”, relata, destacando que teve que cancelar 20 clientes entre quinta-feira e sábado. Jéssica conta que uma cliente chegou a ligar esta semana, mas ela preferiu não ir por medo de contágio, já que a cliente tinha chegado de uma viagem.

“Estamos numa situação em que é um risco pra elas [clientes] e também pra mim”, considera. Jéssica ainda não tem contas vencendo, mas há essa preocupação porque o marido também está afastado do emprego numa distribuidora.

Em videoconferência ontem, o secretário do ministério da Economia, Adolfo Sachsida, informou que a ajuda federal para autônomos, informais e desempregados pode subir de R$ 200, valor que havia sido anunciado, pra R$ 300.O aumento do auxílio ainda espera a decisão final do ministério.

O valor poderá ser mudado posteriormente quando o projeto chegar ao congresso Nacional, onde a proposta deve ser votada.

O benefício de R$ 200 foi anunciado na semana passada e valeria por três meses aos trabalhadores. O cálculo inicial prevê R$ 15 bilhões de gastos, com expectativa de atender 20 milhões de pessoas.