Enem 2021: Ministro da Educação afirma que governo não interferiu na prova

BRASIL – O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesse domingo (21) que, se o governo tivesse interferido no Enem 2021, algumas das perguntas “talvez não estariam ali”.

“Sobre a cara do governo, vocês puderam notar que segue o mesmo padrão nas provas, em nenhum momento podemos discutir quando analisar as questões. Foi uma narrativa, tentaram politizar a prova e não teve nenhuma interferência. Talvez se tivesse, algumas perguntas talvez não estariam ali” disse durante entrevista sobre o 1º dia de prova do exame, em Brasília.

Ribeiro não especificou a quais questões se referia, mas afirmou que “quis salientar que se dependesse da visão de que o governo é radical, eu só bati o olhos, não analisei, mas tem alguns questões que tocam temas que numa visão mais conservadoras são mais caras ao nosso governo.”

Pouco antes da prova, 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza a prova, entregaram os cargos. Alguns deles alegaram pressão ideológica no processo de formulação das provas, com o objetivo de excluir do exame temas que pudessem desagradar ao governo.

Após as denúncias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a prova havia começado a ficar “com a cara do governo”.

“Ninguém precisa ficar preocupado. Aquelas questões absurdas do passado, que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado”, disse, em 15 de novembro. Bolsonaro negou, depois, que tivesse visto a prova.

Um grupo de entidades da área de Educação chegou a pedir à Justiça Federal o afastamento do presidente do Inep, Danilo Dupas, sem sucesso. O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues também negou uma solicitação no mesmo sentido que chegou ao órgão, mas propôs em que o plenário da Corte analise se as questões do Enem atendem a critérios técnicos.

Ribeiro comemorou a queda na abstenção, que foi de 26% em 2021 ante 51,5% no primeiro domingo de prova de 2020.