Professor que pediu redação sobre ‘sexo oral e anal’ a alunos vai ser ouvido pela polícia

Do G1

A Polícia Civil do Distrito Federal vai ouvir o professor de português que foi afastado após usar expressões de sexo explícito durante aula a alunos do 6º ano. A informação foi confirmada ao G1 pelo delegado da 2ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, Laércio Rossetto, nesta terça-feira (19).

Segundo o delegado, os investigadores reúnem as provas necessárias para analisar o caso. Em seguida, o professor deve ser chamado a depor.

“A investigação está como prioridade na 2ª DP”, afirmou.

O caso ocorreu no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 da Asa Norte, na última quarta-feira (13). À ocasião, o professor Wendel Santana, de 25 anos, pediu para que os estudantes elaborassem uma redação sobre “sexo oral e anal”. Ele usou o quadro para escrever as palavras debatidas ao propôr o trabalho para os estudantes.

O diretor da escola e pelo menos cinco famílias registraram queixa contra o educador na Polícia Civil.

“O professor de português do 6º ano havia ministrado aula com conteúdos e palavreados completamente inadequados e fora do currículo escolar”, diz a ocorrência.

Ministério Público

O caso está sendo investigado também pelo o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT). De acordo com o MP, o inquérito corre em sigilo para preservar o andamento das investigações e porque envolve menores de idade.

“A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) apura os fatos ocorridos no Centro de Ensino Fundamental 104, da Asa Norte, que resultaram no afastamento de um professor”, diz o MP.

Reclamações

A aula com expressões de sexo explícito foi ministrada a alunos entre 11 e 12 anos. Estudantes que estavam na turma se sentiram incomodados e fotografaram o conteúdo escrito pelo docente na lousa. Também gravaram áudios durante a aula e mostraram para os responsáveis.

A corretora de seguros Vanessa Damares, mãe de um dos estudantes, disse que ficou chocada com o conteúdo apresentado pelo professor.

“Primeiro que aquilo ali não é educação sexual. Eu acho que aquilo é pornografia, uma coisa vulgar coisa que criança nenhuma merece passar.”

Uma outra mãe de aluno, a administradora Adriana Sarino afirmou que o filho não conhecia as expressões antes do educador apresentá-las em sala. “Fiquei perplexa porque o meu filho só tem 12 anos e dessas palavras quase nenhuma ele conhecia ainda”, afirmou Adriana.

O que diz o professor

Após a divulgação do episódio, a Secretaria de Educação do DF informou que o professor era temporário e que ele foi mandado embora.

À reportagem, Wendel Santana, de 25 anos, reconheceu que escreveu expressões de conotação sexual no quadro da escola e disse que a ideia era mostrar a diferença entre maneiras formais e informais de falar sobre sexo.

Ele disse ainda que “não recebeu treinamento adequado”. Segundo Wendel, não houve qualquer instrução por parte da escola e o que propôs foi um exercício de linguagem.

“A linguagem que eles trazem pra mim é uma linguagem totalmente informal. Foi isso que eu vi. O exercício que eu propus foi trazer essa informação de linguagem informal e adaptá-la para uma linguagem formal, que é a linguagem da educação de fato”, afirmou Wendel.