Atleta paraolimpíco protesta no pódio das Paralimpíadas após ter ouro revogado

BRASIL – O atleta brasileiro Thiago Paulino dos Santos, que teve a sua medalha de ouro revogada pelo júri da prova do arremesso do peso da classe F57 nas Paraolimpíadas de Tóquio-2020, protestou durante a cerimônia de entrega de medalhas na madrugada deste sábado (4). Thiago teve dois arremessos invalidados. A decisão foi anunciada logo antes da primeira sessão de atletismo na noite da última sexta-feira (3) pelo Comitê Paraolímpico Internacional.

Com a mudança, dois arremessos de Paulino que haviam passado dos 15 metros, inclusive um na marca de 15,10 m que seria o novo recorde paraolímpico, foram invalidados por suposta irregularidade no movimento –ele teria se levantado da cadeira. Na classe F57, atletas com deficiências diversas competem sentados.

Durante a cerimônia, Paulino gritou “não” e levantou o dedo indicando o número 1, referente à posição que ocuparia no pódio caso a revogação não tivesse acontecido. Ele ainda apontou para a medalha de bronze no peito, gesticulou um “não” e ergueu o punho direito em protesto. O chinês reagiu, comemorando com a medalha de ouro e levantando o dedo indicando o número 1.

De acordo com o Comitê Paraolímpico Brasileiro, a China protestou durante e depois da prova, mas a arbitragem não acatou. A delegação chinesa, então, foi ao júri de apelação e conseguiu que os arremessos fossem revisados.

O chinês Guoshan Wu, que havia ficado com a medalha de prata, arremessou na marca dos 15 m e ficou com o ouro após a revisão da prova. Já o também brasileiro Marco Aurélio Borges, que conseguiu a marca de 14,85 m, subiu do bronze para a prata. O único arremesso considerado válido de Paulino foi na marca dos 14,77 m.

O atleta agradeceu ao apoio do CPB e da torcida brasileira. Para ele, “infelizmente tem hora que o poder fala mais alto”. “Não vou usar a palavra que eu gostaria. Mas todo o mundo viu o que aconteceu. Levantar a cabeça. Digerir tudo isso e pode ter certeza que eu vou voltar mais forte”, afirmou ao OTD.

O pódio foi adiado em mais de uma hora enquanto o comitê brasileiro buscava uma nova revisão, mas a entrega seguiu com bronze para o brasileiro.