Sem apoio financeiro, comerciante luta para manter escolinha de futebol em Manaus

Quem mora no Brasil, provavelmente conhece a expressão ou já ouviu da garotada a seguinte frase: “Quando eu crescer quero ser jogador de futebol!”. Em Manaus, a busca por esse sonho muitas vezes parece impossível e a realidade reflete principalmente nos times da região, que sonham em chegar à elite do futebol brasileiro – feito quase conquistado pelo São Raimundo Esporte Clube, o “Tufão da Colina”, que, em meados dos anos 2000, visitou por seis vezes seguidas a Série B do Campeonato Brasileiro. 

No entanto, o comerciante Cleves Lima, de 44 anos, conta que, há 5 anos, decidiu lutar por essa causa e fundou a escolinha de futebol “12 de Outubro”, com o time que tem o mesmo nome há 18 anos na capital.

Ele revela que, mesmo sem recursos financeiros e falta de equipamentos, a escolinha funciona nas dependências da própria casa, que fica localizada na avenida Alarico Furtado, nº 528, na comunidade Val Paraíso, bairro Jorge Teixeira, Zona Leste da cidade. Atualmente, 46 alunos, com idades entre 8 e 25 anos, participam do projeto social.

De acordo com Lima, o principal objetivo do projeto é estimular o esporte na vida de jovens carentes da comunidade e resgatá-los de ambientes propícios à criminalidade, que assombram o bairro Jorge Teixeira.

“Fazemos palestras com líderes religiosos, professores, policiais, atletas e outros voluntários que possam incentivar o esporte na vida dos alunos e, principalmente, para que não desistam dos estudos”, destacou Cleves.

Ainda segundo o comerciante, manter as despesas da escola e inserir os jovens atletas em competições locais são os principais desafios.

“Não temos ajuda governamental e a escola opera sem o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Alguns pais ajudam com doações, mas, mesmo assim, falta interesse da grande maioria”, lamentou o comerciante ao afirmar que “o nível do futebol amazonense é inferior se comparado com outros times formados nos demais estados brasileiros”. 

Luta pelos sonhos

A industriária Marta Costa da Silva, de 39 anos, é mãe de três alunos da escolinha de futebol. Ela fala de como os filhos lidam com as dificuldades e com os anseios de um futuro melhor.

“Tenho três filhos na escolinha: um de 19 anos, um de 20 e outro de 23, e todos melhoraram no comportamento em casa e na escola. Eles temem pela falta de oportunidades, mas ainda se esforçam para não desistirem”, contou Marta.

O aluno Marcos Costa da Silva, de 19 anos, participa da escolinha há três anos. Apesar de praticante da modalidade, o jovem, infelizmente, desistiu de ser jogador de futebol.

“É muito difícil realizar esse sonho em Manaus sem ajuda de patrocínios. Hoje pretendo ser professor de Educação Física, mas confesso que meus maiores ídolos são os jogadores Neymar, Ronaldinho Gaúcho e Cristiano Ronaldo”, ressaltou o jovem.

Conquistas

Em 2018, a escolinha de futebol “12 de Outubro” conquistou alguns títulos significativos para os jovens atletas do bairro Jorge Teixeira. O time masculino venceu a “Copa Interna”, que ocorre todos os anos na comunidade Val Paraíso, e levou para casa medalhas e troféus.

Além disso, o elenco sub-17 foi vice-campeão em um torneio realizado pela Federação Amazonense de Futebol Amador (Fafa), na Arena da Amazônia Vivaldo Lima, situada na avenida Constantino Nery, bairro Flores, Zona Centro-Sul de Manaus.

Faça uma visita

A escolinha de futebol 12 de Outubro funciona todas as segundas-feiras, das 17h às 20h30. Os interessados em ajudar, conhecer ou participar da equipe podem entrar em contato com o presidente da escola, Cleves Lima, no telefone: (92) 99180-8295.