PF prende empresário citado em inquérito na ‘Lava Jato’ contra Braga e Omar Aziz

Manaus – O Empresário José Lopes, conhecido no meio político como ‘Zé Lopes’, que fez fortuna no Amazonas com dinheiro desviado de cofres públicos, principalmente durante os governos de José Melo e Amazonino Mendes, foi preso na manhã de terça-feira (30), na fase ostensiva da Operação Eminência Parda, sexta fase da Operação Maus Caminhos, recebeu, entre março de 2014 e agosto de 2016, aproximadamente R$ 20 milhões do médico Mouhamad Moustafá, denunciado pela Polícia Federal e MPF (Ministério Público Federal) como líder de esquema de fraudes que desviou R$ 104 milhões da Saúde Pública no Amazonas, sem prestar nenhum serviço ao Estado, segundo o delegado da Polícia Federal Alexandre Teixeira. Além de Zé Lopes, a PF também prendeu o empresário Gustavo Macário Bento e a assessora de Zé Lopes, Edit Hosada.

“A investigação detectou que havia um repasse com periodicidade aproximadamente mensal no valor de 1 milhão e 40 mil reais e esse valor era entregue em espécie. Essas entregas ocorreram por um período aproximado de dois anos. É possível inferir que foram realizadas entregas em torno de 20 vezes, talvez até mais, desse valor. A investigação detectou, pelo menos 13 eventos dessas entregas. Vestígios são perdidos em razão do passar do tempo, mas recuperando esses vestígios foi possível identificar a entrega desses valores pelo médico ao empresário”, afirmou Alexandre Teixeira.

As investigações também identificaram que Zé Lopes usava a empresa G.H Macário Bento, do empresário Gustavo Bento, que é cunhado dele, para desviar e lavar dinheiro público através de contrato com o INC (Instituto Novos Caminhos) para fornecimento de alimentação para unidades de Saúde do Amazonas. Conforme o delegado Alexandre Teixeira, a empresa recebia valores por serviços que não eram prestados ou prestados com sobrepreço por quantidade ou valor.

“A CGU apontou recebimento de valores por essa empresa na hipótese de serviços não prestados ou prestados com sobrepreço por quantidade ou valor. Por meio dessa empresa também se apropriava de recursos públicos vindo do INC sob a justificativa de contrato de fornecimento de refeições para unidades de Saúde administradas pelo INC”, afirmou Teixeira.

De acordo com as investigações, Edite Hosada auxiliava Zé Lopes no recebimento dos valores pagos pelo médico. “O investigado José Lopes, utilizando as sociedades empresariais que administrava, seja diretamente ou por interpostas pessoas, recebeu diretamente ou com o auxílio de Edite Hosada Monteiro, periodicamente e em espécie, a quantia de R$ 1.040.000,00 ou fraçoes”, diz trecho do relatório da PF.

Operação Lava Jato

Zé Lopes foi citado na Operação Lava Jato no inquérito que investiga os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD).

Influência

Questionado sobre a “mesada” de R$ 1 milhão a Zé Lopes, Alexandre Teixeira disse que “nas investigações não fixou explícito a razão pela qual o dinheiro era pago”. No entanto, o delegado Max Ribeiro, ao explicar o nome da operação (Eminência Parda), disse que se tratava de alguém que “exerce influência sobre um determinado tomador de decisões”, mas deixou claro que “não quer dizer que seja um governante”.

“O significado dela nada mais é que uma pessoa com ocultamento, sem estar à frente da tomada decisão, exerce uma influência em decisões importantes. Não é ela que assina, não é ela que é a dona da caneta, mas com o seu poder de influência econômico, pelo que a investigação apurou, acaba exercendo a influência nas tomadas de decisões que resultaram em algumas das práticas de desvio de verbas e lavagem de dinheiro”, afirmou Ribeiro.

Entrega do dinheiro

O delegado Alexandre Teixeira disse que à época dos crimes Zé Lopes morava no Condomínio Ephigênio Salles, mesmo condomínio onde residia o médico Mouhamad Moustafá, e que isso “facilitava a entrega do dinheiro em espécie” porque “não corria o risco de transportar pela rua”. Trecho do relatório da PF traz o seguinte teor: “Provavelmente, algumas entregas, se deram baseadas em encontros pessoais no condomínio, sem necessidade do aplicativo de smartphone e o consequente registro”.

Nesta terça-feira, 30, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Manaus/AM e Boca do Acre/AM, e Rio Branco/AC. A Justiça Federal bloqueou contas de pessoas físicas e jurídicas no montante de aproximadamente R$20 milhões.

Portal da Capital AM com informações do Amazonas Atual