Maduro diz que tensões com EUA servem para fortalecer defesa da Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que as tensões recentes com os Estados Unidos, que cogitam deslocar embarcações militares para próximo do litoral venezuelano sob o argumento de combater o narcotráfico, devem ser vistas como uma oportunidade para reforçar a defesa do país.

Durante a solenidade de formatura de um curso militar, transmitida pela emissora estatal VTV, Maduro afirmou nesta quinta-feira (28) que a Venezuela precisa “aproveitar cada circunstância para fortalecer os planos de defesa nacional e consolidar-se moral, política, institucional e psicologicamente”.

Segundo ele, o país enfrenta um cenário de “assédio e cerco” com “ameaças ilegais” que violariam a Carta das Nações Unidas. Embora não tenha citado diretamente Washington, o comentário ocorreu dias após autoridades norte-americanas declararem estar prontas para “utilizar todo o seu poder” contra o tráfico de drogas, acusando o governo venezuelano de envolvimento.

Maduro disse ainda que, passadas três semanas de pressões externas, a Venezuela estaria “mais preparada para defender a paz, a soberania e a integridade territorial” e que o governo conta hoje com maior apoio internacional “do que em qualquer outro momento”.

No mesmo evento, o presidente anunciou a abertura de 945 pontos de alistamento para que cidadãos ingressem na milícia e participem da defesa contra supostas ameaças vindas dos EUA.

A Casa Branca, por sua vez, reiterou que não reconhece Maduro como presidente legítimo e classificou seu governo como “um cartel de drogas”. Em entrevista, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que o líder venezuelano “não passa de um fugitivo acusado de traficar entorpecentes para os Estados Unidos”.

Em resposta, a missão venezuelana na ONU acusou Washington de planejar operações militares no Caribe, incluindo o envio de “um navio com capacidade de lançar mísseis” e “um submarino nuclear de ataque rápido”, além de outros meios navais que fariam parte de “ações hostis” autorizadas pelo então presidente Donald Trump.