Padres são condenados por abuso sexual de jovens surdos na Argentina

Do Agência O Globo

Dois padres foram condenados a mais de 40 anos de prisão por abuso sexual de meninos surdos no Instituto de Ensino Próvolo em Mendoza, no Oeste da Argentina, em um caso que abala a Igreja Católica do país natal do Papa Francisco.

O padre argentino Horacio Corbacho foi sentenciado a 45 anos de prisão e o italiano Nicola Corradi a 42, por ” agressão sexual grave”, segundo a decisão lida nesta segunda-feira no tribunal. Nos dois casos, se considerou como agravante o fato de eles serem responsáveis pela guarda dos meninos e ministros de culto, e das vítimas serem menores de idade.

O jardineiro do centro de ensino, Armando Gómez, também foi condenado, com pena de 18 anos de prisão, por agressão sexual. Nas portas do tribunal , um grupo de jovens do instituto esperaram a decisão com cartazes de apoio às vítimas. Corbacho, de 59 anos, e Corradi, de 83, se encontravam até agora em prisão preventiva.

julgamento começou em 5 de agosto, a portas fechadas. Nas audiências, foram avaliados os testemunhos de 13 vítimas. O Instituto Próvolo, em Mendoza, a mil quilômetros da capital Buenos Aires, foi fechado em 2016 pela Justiça após as primeiras denúncias na justiça argentina por abusos cometidos desde 2004.

Relembre o caso

A polêmica do caso Próvolo respingou no Papa Francisco, que atuava como cardeal em Buenos Aires entre 2004 e 2009, período do auge dos relatos de abusos registrados pela promotoria argentina.

Sobreviventes dos abusos encaminharam uma lista de 24 nomes ao Pontífice em 2015, mas, até o julgamento de Corbacho e Corradi, apenas um padre havia sido condenado. Vítimas acusaram o ex-cardeal e agora chefe da Igreja Católica de acobertar as denúncias.

Corradi era o diretor da instituição, que também atuava na Europa, e também teve uma passagem pela unidade de La Plata, nos arredores de Buenos Aires, de onde foi transferido por conta de denúncias. Antes, nos anos 70, ele sofreu outra transferência — da cidade italiana de Verona para a Argentina — por razões similares.