Crime Bárbaro: Grávida de oito meses que estava desaparecida é encontrada morta

Rio – A jovem grávida que foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira na linha de trem em Deodoro, na Zona Norte do Rio, pode ter sido morta por traficantes da favela do Triângulo, segundo a delegada da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, responsável pelo caso.

Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, estava grávida de oito meses e desapareceu na última quinta-feira. Segundo a delegada, a família da vítima ficou sabendo, na madrugada de quinta para sexta-feira, que ela estava com traficantes.

Ela morreu em uma favela dominada por uma facção criminosa, mas frequentava comunidades lideradas por grupos rivais; por conta disso, há a suspeita de que ela pudesse atuar como uma informante – ou X9, na gíria do tráfico – e que possa ter sido morta por conta disso. O corpo não tinha sinais de aborto.

“A investigação apurou que na quinta-feira, por volta das 22h, ela foi para a favela pegar uma bolsa de maternidade com uma pessoa que já foi ouvida pela polícia. Ela saiu da casa dessa pessoa à 1h e, por volta das 4h, acessou o Facebook utilizando uma rede wi-fi dentro da favela”, contou a delegada. Ainda segundo Ellen Sounto, o chefe do tráfico de drogas do local será indiciado por homicídio e teoria do domínio do fato — ou seja, sabia do crime e deu apoio.

Outra linha de investigação trabalha com a hipótese de que ela tenha sido morta pelo pai da criança, que era casado com outra mulher e já havia dito categoricamente que essa criança não nasceria. O casal também tinha contatos dentro do tráfico.

Uma terceira hipótese seria, ainda, a de que ela possa ter sido morta por ter discutido com a esposa de um miliciano, que chegou a agredir, duas semanas antes de seu desaparecimento. Thaysa já estava na reta final da gravidez e foi morta na quinta-feira, após ir na favela para pegar uma bolsa de maternidade. “Pode ter sido uma emboscada”, afirmou a delegada.

O chá de bebê seria no domingo. O enxoval e lembrancinhas da bebê já estavam prontos.

O cadáver da manicure foi encontrado às margens da linha férrea próximo à comunidade e estava amarrado e em avançado estado de decomposição.

— O corpo estava em estágio avançado de decomposição. A delegada afirma que a vítima tinha o hábito de frequentar favelas de outras facções criminosas do Rio, o que costuma ser comum como causa da morte de algumas pessoas. E ela tinha contatos dessas pessoas — conta a titular da DDPA.

— É um crime cruel porque ela foi morta a poucos dias de ganhar a sua criança. Ela estava feliz porque planejava o enxoval da filha. Causa perplexidade, ela estava na reta final da gravidez. Uma pessoa que mata uma mãe grávida tem a plena ciência de que ela estava matando duas pessoas.

A Secretaria de Estado de Vitimados (SEVIT) informa que ofereceu atendimento psicológico e social para a família de Thaysa Campos. A equipe psicossocial conversou com a família da jovem grávida e vai acompanhar o caso.

Na saída da Cidade da Polícia, a mãe da vítima conversou brevemente com a imprensa. “Quero agradecer muito a vocês pela ajuda. Vocês foram essenciais. Muita injustiça, quero saber apenas quem matou minha filha. Só isso”, disse, às lágrimas.