Julgamento por videoconferência: Flordelis é afastada do cargo político

O julgamento realizado na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio por videoconferência, na tarde desta terça-feira (23), decidiu por unanimidade, que Flordelis dos Santos de Souza (PSD) seja afastada do cargo político. Flordelis é acusada de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, assassinado em junho de 2019.

O advogado Ângelo Máximo, que representa a família do pastor, também defendeu o afastamento, sob alegação de que Flordelis atrapalhou as investigações do caso. “Fica claro o uso do cargo, o uso da máquina, da função pública para se esquivar da responsabilidade de ser mandante do crime”, afirmou Ângelo Máximo durante sua sustentação oral.

O documento assinado pela procuradora Maria Christina Pasquinelli também diz que “apesar do crime não ter ligação com o mandato de deputada, Flordelis pode usar o cargo para afetar o andamento do processo criminal”.

A decisão ainda deve passar pelo plenário da Câmara dos Deputados, que irá decidir se será mantida o afastamento da parlamentar de qualquer função pública até seu julgamento.

“Inicialmente é de se assinalar ser irrefutável que a condição de parlamentar federal que ostenta, no momento, a ora recorrida, lhe proporciona uma situação vantajosa em relação aos demais corréus da ação penal originária. Tanto assim, que não foi ela levada ao cárcere. Inquestionável, também, que o poder político, administrativo e econômico da ora recorrida lhe assegura a utilização dos mais diversos meios, a fim de fazer prevalecer a sua tese defensiva”, afirmou Celso Ferreira Filho ao iniciar seu voto.

O desembargador afirmou que as ações da deputada citadas nos autos do processo podem significar interferência na apuração da verdade dos fatos.

“Veja-se que nas redes sociais há evidências de diálogos indicativos do poder de intimidação e de persuasão que a ora recorrida exerce sobre testemunhas e corréus. Igualmente, não há dúvidas de que, pela função que exerce, possui ela meios e modos de acessar informações e sistemas, diante dos relacionamentos que mantém em virtude da função parlamentar”, completou.