Alckmin compara Lula e Bolsonaro: “Lula ficou preso e não atacou o Judiciário”

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), comparou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Alckmin destacou que, mesmo tendo passado um ano e meio preso, Lula não atentou contra o Judiciário nem ameaçou a democracia.

“Lula ficou preso um ano e meio, não foi um dia e meio. E mesmo assim, nunca quis derrubar a democracia ou o Poder Judiciário”, afirmou o vice-presidente.

Lula foi preso em abril de 2018, condenado a 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, no âmbito da Operação Lava Jato. Durante o período em que permaneceu na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o petista fez duras críticas ao Judiciário, mas não defendeu sanções ou retaliações contra magistrados.

Antes de se entregar, Lula chegou a acusar ministros do STF de se submeterem à opinião pública. Foi libertado um ano e sete meses depois, quando o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância. Posteriormente, os processos foram anulados por irregularidades, sem análise do mérito, e o ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador (União-PR), foi declarado suspeito por parcialidade.

No mesmo contexto, Alckmin comentou que as tarifas impostas aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos e a recente sanção individual ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, são resultado do lobby conduzido por Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado, filho do ex-presidente, estaria atuando para tentar livrar Bolsonaro de condenações no processo sobre tentativa de golpe de Estado.

Questionado se a postura mais dura do governo poderia prejudicar o cenário político, Alckmin defendeu Lula como um líder conciliador, que prefere o diálogo para resolver conflitos.

As declarações foram dadas durante participação no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, na TV Globo. O vice-presidente comentou o anúncio de Donald Trump, que oficializou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O anúncio coincidiu com a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes — marco inédito para um integrante do Judiciário de um país democrático. Entre as punições, estão o bloqueio de bens, contas e a proibição de entrada nos EUA.