Chocolate, carne enlatada, panetones e bilhetes premiados

Do Msn

Alvo de uma investigação que apura um suposto esquema de “rachadinha” em seus tempos de deputado estadual, o senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, tem negado qualquer irregularidade.

Para o Ministério Público do Rio de Janeiro, no entanto, Flávio é suspeito de lavar recursos do esquema – que consiste em se apropriar de parte dos salários de assessores – por meio de transações fraudulentas com imóveis e lucros fictícios de uma franquia de chocolates.

Uma das suspeitas é que o senador tenha lavado mais de 800 mil reais com a compra de dois imóveis em Copacabana a preços abaixo do mercado. Os apartamentos foram comprados por 310 mil reais e revendidos meses depois com um lucro de 262%. Sobre o caso, Flávio disse: “Ué, eu consigo comprar mais barato e estou sendo julgado por isso?”.

O MP-RJ ainda detectou discrepâncias nas contas de uma franquia de chocolates de Flávio num shopping do Rio, apontando a suspeita que o local foi usado para lavar até 1,6 milhão de reais. A loja, segundo os promotores, também operava com volume atípico de transações em dinheiro vivo.

As investigações ainda apontaram que Diego Sodré Ambrósio, um PM, amigo de Flávio, depositou 21 mil reais na conta da franquia. Flávio disse que o valor foi usado para comprar produtos na loja. “O que é que tem de absurdo nisso?”, disse o senador.

Ambrósio, por sua vez, contou à revista Época que adquiriu panetones para os clientes de sua empresa de segurança. O mesmo PM ainda pagou um boleto de 16 mil reais em nome da mulher de Flávio. Segundo o senador, ele pediu para que Ambrósio efetuasse o pagamento porque “que o banco já estava fechado” e ele “não tinha o aplicativo no telefone na época”. “Ele pagou e depois eu reembolsei. Qual o problema nisso?”, disse o senador.

As explicações de Flávio provocaram críticas e piadas entre usuários de redes sociais. O caso vem atormentando o clã Bolsonaro desde 2018. No início do ano, o suspeito de ser o operador do esquema, o ex-PM, Fabrício Queiroz, já tinha tentado explicar suas próprias movimentações suspeitas afirmando que “vendia carros” e “fazia rolo”. No entanto, nunca divulgou registros das supostas vendas.

Flávio Bolsonaro e Queiroz não são os únicos personagens da política brasileira a prestarem informações que levantaram ainda mais perguntas. Mesmo a citação dos panetones não é original. Em 2009, o ex-governador José Roberto Arruda, já havia citado o pão doce para justificar um pagamento suspeito de 50 mil reais.