
A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá na quarta-feira (30) para discutir a possível saída de Ciro Gomes do partido. Alguns parlamentares argumentam que o ex-ministro está seguindo uma linha divergente, agindo contra candidaturas do PDT e colocando em risco o desempenho da sigla em 2026, quando precisará eleger 13 deputados ou obter 2,5% dos votos válidos para cumprir a cláusula de barreira.
Deputados favoráveis à expulsão afirmam que, se não houver consenso, formalizarão um requerimento para análise do desligamento. Josenildo (PDT-AP) declarou que protocolará o pedido se o diálogo interno não prosperar: “Ciro está desviando o partido do crescimento, deveria buscar outra legenda que pensa como ele”.
O grupo de parlamentares critica a atuação de Ciro nas eleições municipais em Belo Horizonte e Fortaleza, onde ele fez declarações que, na visão de muitos, prejudicam o PDT. Em Belo Horizonte, Ciro criticou a deputada Duda Salabert (PDT-MG), candidata à prefeitura, alegando que ela “não tem preparo” para o cargo. A deputada, por sua vez, teria desabafado em grupos que o ex-ministro é um “repelente de votos”.
Em Fortaleza, a postura de Ciro gerou ainda mais atritos. O ex-prefeito Roberto Cláudio e outros membros do PDT local expressaram apoio ao deputado André Fernandes, aliado de Bolsonaro, que disputa o segundo turno contra o petista Evandro Leitão. A Juventude do PDT reagiu com críticas públicas, e Ciro respondeu afirmando que o partido “não é, nem nunca será, um puxadinho do PT”.
A situação delicada no Ceará reflete uma crise crescente no PDT, que teve um desempenho fraco no primeiro turno das eleições municipais de 2024. A sigla perdeu 163 prefeituras em relação a 2020 e, no Ceará, caiu de 67 para apenas cinco prefeituras.
A reunião da bancada deve discutir o foco do partido para as eleições de 2026, priorizando candidaturas ao Congresso. Há também a possibilidade de o PDT buscar uma federação partidária para garantir sua sobrevivência, com PSB, PSDB e Solidariedade como opções cogitadas. Contudo, a parceria com o PSDB enfrenta resistência, uma vez que Eduardo Leite, possível candidato à presidência, dividiria o foco do partido, atualmente na base de apoio do presidente Lula.