Fundo Eleitoral Bilionário: pleito de 2022 será o mais caro da história recente do Brasil

Brasil – Se os ganhos não são pequenos, qualquer coisa vale a pena para políticos nada interessados no que o distinto público pense a seu respeito, ou a respeito das instituições que representam. A inflação aumentou, os juros cresceram, a recuperação econômica está ao rés-do-chão e milhões de pessoas passam fome, disputam um naco de carne ou se limitam a lamber ossos… E daí?

O que importa é que não faltará dinheiro para financiar a campanha do próximo ano. Bom que não falte. Sem eleições não há democracia. Mas elas não precisam ser tão caras. Em 2015, na esteira da Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal proibiu doações de pessoas jurídicas a partidos e candidatos. Corria muito dinheiro por debaixo dos panos.

Dois anos depois, o Congresso criou o Fundo Eleitoral, reservando 1,7 bilhões de reais para gastos com as eleições gerais de 2018, de deputado estadual a presidente da República. Nas eleições de 2020, os brasileiros votaram apenas em vereadores e prefeitos. Mas isso não impediu que o volume de dinheiro saltasse para 2 bilhões de reais. Agora será de 4,9 bilhões.

À época sem partido, Jair Bolsonaro foi contra. Propôs um fundo de 2,1 bilhões. Vetou o fundo aprovado pelo Congresso. Com partido (PL), concordou com o valor estipulado. Faz sentido. Ele se beneficiará diretamente com o aumento. De resto, não poderia desgostar os partidos do Centrão que o sustentam. Os de oposição ao governo também lucraram com isso.

Parasse por aí já seria um absurdo, mas não parou. Além do fundo que virou fundão quase três vezes maior do que há 4 anos, o Congresso engordou o orçamento secreto com 16,5 bilhões. Essa montanha de dinheiro servirá para a construção de pequenas obras nos redutos eleitorais de deputados e senadores que tenham se distinguido até aqui por sua fidelidade ao governo.

Que deputados e senadores são esses? Em que obras o dinheiro foi ou será empregado? É o que o Supremo Tribunal Federal quer saber. É o que o Congresso tentará esconder. O ministro Paulo Guedes, da Economia, saiu de férias. Discordou do aumento salarial que Bolsonaro queria dar aos agentes da Polícia Federal. O aumento aprovado custará 1,74 bilhão.

O ano chega ao fim com a responsabilidade fiscal mandada à merda, o calote no pagamento de dívidas judiciais vencidas e o aumento do déficit público, tudo a pretexto de ajudar os pobres. Seria possível bancar o Auxílio Brasil de 400 reais para os brasileiros mais vulneráveis sem o governo apelar a tais expedientes? Sim. Mas as vantagens para ele seriam menores.

O preço de ter Bolsonaro como presidente é estúpido para o país. A levar-se em conta a relação custo e benefício, não compensa. O preço para reelegê-lo, esse sim, dá para fazer uma ideia.

Via: Metrópoles