Marcos do Val diz que vai propor mudança no comando da CPI

Suplente na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e autodeclarado independente, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse  nesta segunda-feira (17) que vai tentar costurar com integrantes da CPI algumas alterações no comando da investigação, com o objetivo principal de tirar da relatoria o senador Renan Calheiros (MDB-AL), a quem faltaria “equilíbrio” e “racionalidade” na condução dos trabalhos.

“O melhor cenário para a CPI seria manter o Omar Aziz como presidente, ele está muito bem, equilibradíssimo, pegar o vice presidente, o Randolfe [Rodrigues], botar como relator, e pegar o senador [Eduardo] Girão, como um dos proponentes [da criação da CPI] e botar como vice-presidente”, defendeu do Val. “Esses três dariam um excelente resultado para a CPI, que seguiria de forma técnica”.

A atual composição do comando da CPI, com Omar Aziz (PSD-AM) na presidência, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na vice-presidência e Renan Calheiros na relatoria é resultado de uma aliança de sete senadores independentes e de oposição que formam maioria entre os 11 titulares da CPI. Essa configuração desagrada ao governo Jair Bolsonaro, que tem em Renan e em Randolfe dois de seus maiores críticos no Senado Federal.

Antes de a CPI ser instalada, parlamentares governistas foram à Justiça, inclusive ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a nomeação de Renan Calheiros como relator.

Para Marcos do Val, a postura inquisidora de Renan durante as oitivas das testemunhas já ouvidas pelos parlamentares gerou um “temor” que se manifesta na busca de habeas corpus que garantam às testemunhas o direito de não responder a todos os questionamentos, como conseguiu o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e como tenta agora a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, ambos com depoimentos marcados nesta semana.

“Quanto mais confortável ficarem os nossos convidados, mais eles vão se sentir à vontade para falar e, às vezes, podem falar até um pouco mais do que nós gostaríamos. A gente precisa ter essa prudência, nem esse radicalismo de dar temor, pânico e voz de prisão, e nem também de ficar ali como se fosse um bate-papo com uma pessoa que está ali indo para tomar um cafezinho”, disse o senador pelo Espírito Santo, fazendo referência ao pedido de prisão feito pelo relator contra Fabio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação da Presidência da República. O pedido, no entanto, não foi acolhido pelo presidente da comissão.

“A CPI tem que ser bem racional, muito racional, para que a gente consiga dar resultado”, argumentou Marcos do Val.