Mercadinho fatura 172 mil para construir pontes em ruas afetadas pela cheia em Barreirinha

Barreirinha está com ruas, casas e até o principal hospital da cidade alagado, por conta da cheia dos rios, e o prefeito Glênio Seixas (MDB) decidiu contratar um mercadinho para construir pontes e passarelas nos locais afetados para que a população possa transitar. A cheia dos rios Paraná do Ramos e Andirá já ultrapassou a cota máxima de 9,32 metros e de acordo com a Defesa Civil da cidade, nove bairros e 27 comunidades já foram atingidas pelas águas.

Além da enchente, a população também sofre com a covid-19, pois até essa quarta-feira (12), o município registrou 2.320 pessoas infectadas e 61 óbitos pela doença.

Conforme o documento publicado no Diário Oficial dos Municípios (DOM) no dia 19 de abril, o Prefeito irá pagar R$ 172.650,00 para a empresa B D MACIEL LOPES COMÉRCIO pelo fornecimento de madeiras e artefatos para construção de pontes e passarelas, as chamadas ‘marombas’ para facilitar a passagem dos moradores pelas ruas.

O curioso é que ao consultar o CNPJ da empresa nº 40.076.132/0001-11 no site da Receita Federal, foi constatado que trata-se de um mercadinho, localizado no bairro Santa Luzia, em Barreirinha.

Registrado com o nome ‘Mercadinho Ferreira’, o estabelecimento, que comercializa de produtos alimentícios, deverá construir as pontes pelo prazo de seis meses, podendo ser prorrogado.

A comercialização de madeira vem aparecer somente entre as outras 86 atividades secundárias que a empresa realiza. O estabelecimento tem faturamento de R$ 300 mil.

Nessa terça-feira (12), o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) aceitou uma representação, com pedido de liminar, contra o prefeito Glênio Seixas, com o objetivo de investigar vários contratos firmados com a empresa K K V DE SÁ SOUZA E CIA LTDA para realização de serviços diferentes ao órgão municipal, caracterizando possível improbidade administrativa.

No documento de denúncia é argumentado que o valor gasto com os utensílios de cozinha é ”exorbitante”, levando em consideração que o município possui apenas seis escolas e “com uma população em idade escolar de 10.8601 alunos”; além da incoerência na contratação da mesma empresa para diversos serviços que não têm relação entre si.

“Pergunta-se: a empresa que faz transporte de cargas pode, inclusive, construir obras de arte especiais? E, pode também fornecer medicamentos, cosméticos, drogas para consumo humano, fornecer hortifrutigranjeiros, materiais de informática?”, questiona o documento.