Moro descarta caixa 2 de Bolsonaro e indica ter acesso à investigação sigilosa

Por Danielle Brant, da Folhapress — Brasília

O ministro da Justiça Sergio Moro afirmou, em mensagem publicada neste domingo no Twitter, que o presidente Jair Bolsonaro fez a campanha “mais barata da história” e que a suspeita de caixa dois em 2018 não reflete a realidade.

O ministro se refere à manchete da “Folha de S.Paulo” deste domingo (06) segundo à qual, um depoimento dado à Polícia Federal e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem que dinheiro do esquema de candidatas laranjas do PSL, em Minas Gerais, foi desviado para abastecer, por meio de caixa dois, as campanhas de Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ambos filiados ao partido.

O ministro do Turismo foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais, na última sexta-feira, sob acusação dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa – que preveem penas de até cinco, seis e três anos de prisão, respectivamente. Ele nega irregularidades.

Pelo Twitter, Moro indica ter informações da investigação conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de maneira sigilosa em Minas. “Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR [presidente da República] neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”, disse.

A publicação de Moro foi ‘curtida’ por Bolsonaro e, depois, compartilhada pelo presidente em sua conta no Facebook.

A reportagem da “Folha de S.Paulo” é baseada em depoimento de um ex-assessor do ministro do Turismo à PF e em uma planilha apreendida nas investigações. O jornal não atribui conclusões sobre o assunto aos investigadores.

Esta não é a primeira vez que Moro sugere ter tido informações sobre o inquérito sigiloso do caso dos laranjas. Em junho, Bolsonaro afirmou ter recebido informações do ministro da Justiça sobre a investigação em curso. Na ocasião, o ministério chegou a admitir que Moro repassou dados ao presidente, mas depois mudou a versão, dizendo que só trataram do que havia sido divulgado pela imprensa.