“O maior custo desse país é o Bolsonaro”, afirma Haddad

Do Globo

Num discurso para a militância do PT, que comemora os 40 anos do partido neste fim de semana, no Rio, o ex-prefeito de São Paulo e candidato da legenda à Presidência, em 2018, Fernando Haddad criticou o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

”Estamos nos tornando bárbaros sem perceber o que esses caras estão fazendo. O presidente da República dizer que o soropositivo custa para o país? Quem custa é ele! O maior custo desse país é o Bolsonaro”, disse Haddad, numa referência à declaração recente de Bolsonaro.

Em seguida, Haddad criticou outra fala, de Paulo Guedes, mas começou tratando do assunto como se fosse Bolsonaro o autor da declaração, mas terminou citando o próprio ministro da Economia.

“Chamar servidor público de parasita um cara [Bolsonaro] que ficou 28 anos na Câmara Federal, um cara que rachava dinheiro de gabinete para enriquecer às custas do dinheiro público desviado, esse cara tem coragem de chamar alguém de parasita? Um cara que veio do mercado financeiro [Paulo Guedes], que só lidou com especulação a vida inteira, nunca produziu um parafuso, vem chamar alguém de parasita? Tá na hora de ir pra rua!”, conclamou Haddad, no fim do discurso, de 12 minutos.

Haddad participou da mesa “A democracia ameaçada: violência, discriminação e censura”, com outros seis convidados, entre eles representantes dos movimentos negro, feminista e LGBT.

Último a falar, o petista mencionou as críticas internas do campo progressista segundo as quais os partidos de esquerda, e o PT, têm perdido terreno para a direita por terem aberto muito espaço para as chamadas pautas identitárias.

”Não vou abrir mão do debate sobre racismo, feminismo, como também não vou abrir mão do discurso do salário mínimo.

Nos nossos governos nós nunca fizemos isso no PT, nos anos 1980, 1990, 2000. Nunca ficamos escolhendo quem vamos deixar para trás. Esse partido nunca deixou nenhuma pauta importante para trás, disse o petista, que foi cobrado por um sindicalista ao fim de sua fala por não ter mencionado e defendido a greve dos petroleiros, que ontem fez ato na sede da Petrobras.

Haddad afirmou que esse tipo de dúvida sobre como a esquerda deve agir enfraquece o partido. ”Esses caras ficam fazendo discurso fascista e alguém diz: ‘Ah, não fala isso, se não eles vêm pra cima da gente’ Aí é que nós temos que ir pra cima deles”, disse.

O petista afirmou que Bolsonaro “fica ofendendo, todo dia tem alguém sendo ofendido” por ele. ”Uma hora é a mulher do presidente da França, mais velha do que ele. Ele é um democrata na ofensa, ofende todo mundo, menos os seus correligionários covardes, que ficam nas redes sociais fazendo ‘fake news’. E eles não poupam ninguém.

Agora, se a gente ficar com medo de rede social, com medo de fascista eles vão avançar. Agora, se a gente mostrar a garra que a gente sempre teve, eles vão recuar, e a gente volta a ser governado por gente decente”.