Para Damares, governo Bolsonaro herdou um páis devastado pela corrupção

Do IG

A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, denunciou a corrupção em governos anteriores no Brasil. No palanque da ONU, ela associou os desvios à violação de direitos humanos. Segundo o colunista Jamil Chade , a ministra, no entanto, não revelou os cortes que diversos programas sociais sofreram durante sua gestão.

Para Damares , o governo atual “herdou” um país devastado pela corrupção das gestões anteriores. A ministra disse que usará o dinheiro recuperado para áreas sociais e chegou a dizer que está “começando a sobrar” dinheiro para proteger os brasileiros. Ela seguiu não citanto os cortes de verbas para setores como mulher e meio ambiente, além da Funai.

Ela discursou na abertura do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, nesta segunda-feira (24). No momento, a cúpula da entidade não estava presente. Nem o secretário-geral, Antônio Guterres, e nem Bachelet estavam na sala.

Na ocasião, ela disse: “No ano passado, estive nesta tribuna para falar do Brasil que recebemos. Um Brasil mergulhado em corrupção e violência”. E continuou: “Decidimos que a nossa prioridade seria garantir e proteger o primeiro e maior de todos os direitos humanos, o direito à vida. Neste ano, volto para dizer que tomamos a decisão correta”.

“Em apenas um ano, o número de homicídios já caiu mais de 20%. Mais de 8 mil pessoas não foram assassinadas no Brasil em 2019. O combate ao crime organizado é nossa prioridade. O número de estupros também foi reduzido e a criança tem sido protegida de forma efetiva”.

Ela disse que seguem engajados no combate à corrupção. “O governo Bolsonaro recebeu de herança um Estado debilitado por anos de sistemáticos desvios de recursos públicos. Nosso governo, contudo, está decidido a mudar essa realidade. Não fazemos discurso de homenagem aos direitos humanos e à justiça social como cortina de fumaça para o desvio institucionalizado de bilhões de dólares destinados à saúde, à educação, à segurança pública. Estamos, na verdade, fazendo o caminho de volta”, explicou.

“Em 2019, o equivalente a mais de 25 milhões de dólares em ativos recuperados pela Operação Lava-Jato foram destinados à promoção de direitos de adolescentes em conflito com a lei. O dinheiro da corrupção agora vai para políticas públicas de defesa dos direitos humanos”.

Ela garantiu, ainda, que, sem corrupção, começa a sobrar dinheiro para melhorar a vida dos brasileiros. “Um dos muitos exemplos é a recente iniciativa do governo Bolsonaro de pagar pensão vitalícia para crianças nascidas com microcefalia em decorrência do zika vírus”.

O discurso foi confrontado por Camila Asano , coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos. “A ministra Damares Alves tentou blindar a imagem do Brasil na ONU com discurso repleto de omissões”, disse. E ela continuou, incisiva: “O governo Bolsonaro se elegeu a partir de uma plataforma anti-direitos e com discurso de ódio contra indígenas, LGBTs, negros e mulheres”, afirmou.

“Esse governo vem implementando exatamente esse discurso. Ele segue apresentando projetos que violam sistematicamente direitos humanos tais como a excludente de ilicitude, ou de mineração em territórios indígenas, enquanto atacam jornalistas com discursos misóginos e chamam pessoas que vivem com HIV/AIDS de ‘despesa para todos no Brasil'”, disse Asano.

“O discurso da ministra reflete também o encolhimento da relevância internacional do Brasil. Ser membro do Conselho de Direitos Humanos implica em compromisso na busca de soluções para as diversas crises e opressões nas diferentes regiões do mundo. Damares utilizou seus breves minutos na ONU como mero palanque de autopropaganda do governo Bolsonaro”, finalizou Camila Asano.