Atraso de salários agrava crise nos hospitais públicos de Manaus

Do G1

No fim de semana, pacientes e enfermeiros denunciaram a superlotação na maternidade Balbina Mestrinho, localizada na Zona Sul de Manaus. O caso trouxe à tona a crise que toma conta de outros hospitais da rede pública do Amazonas.

A superlotação, falta de leitos e de medicamentos é a reclamação geral, além do quadro reduzido de funcionários nas unidades.

No Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, por exemplo, a superlotação transformou corredores em salas de atendimento médico. As famílias que precisam, compram os próprios remédios.

“A gente tem que comprar antialérgico e essas coisas”, conta uma senhora que acompanha uma paciente, no corredor do hospital. Questionada se passa pela mesma situação, ela relata: “até o remédio da pressão dela não tem aqui, o Losartan. Não tem, a gente tem que comprar”, conta

A medicação é usada para tratamento de hipertensão ou insuficiência cardíaca.

Indignados, os próprios pacientes gravaram as cenas que mostram os diferentes casos de falta de infraestrutura dentro dos hospitais. Em um deles, por exemplo, dentro de uma sala de observação, quem consegue vaga precisa se abanar, porque o ar condicionado já não funciona.

Na maternidade Ana Braga, também da rede estadual, são as mães que cuidam dos bebês recém-nascidos ou prematuros nas incubadoras. Elas dão medicação e alimentação por sonda, porque não há enfermeiros.

É o mesmo cenário encontrado na maternidade Balbina Mestrinho, onde faltam médicos e enfermeiros. Lá, mães e bebês ficam abrigados pelos corredores, com apenas cadeiras. Os recém-nascidos, em incubadoras, são monitorados pelos pais.

Além da superlotação, pacientes filmaram o dia em que uma forte chuva atingiu Manaus. A água escorria pelas paredes da maternidade.

Os servidores terceirizados da saúde estão sem receber desde agosto e alegam que não vão trabalhar porque não têm, sequer, dinheiro da passagem de ônibus. O governo diz que vai pagar o 13º este mês, e que o salário de dezembro será pago no mês que vem. Depois, começarão a pagar os outros atrasos.

O secretário de estado da saúde, Rodrigo Tobias, não soube informar o valor da dívida atual, mas alega que herdou de gestões anteriores.

“O Governo do Estado iniciou o ano com orçamento de R$ 2,4 milhões, o que que equivale a 30% a menos do necessário para poder executar todas as funções para ofertar os serviços de saúde. Nós já efetuamos este ano pagamentos de dívidas de exercícios anteriores, o equivalente a R$ 150 milhões, o que é considerado significativo se comparado a anos anteriores”, comentou.