DOENÇA: Febre oropouche tem alerta epidemiológico no Amazonas

Saúde – Por causa do crescimento expressivo no número de casos de febre oropouche no estado do Amazonas, a Fundação de Vigilância em Saúde estadual publicou um alerta epidemiológico com esclarecimento e orientações para a população e profissionais de saúde. Segundo a Fundação, no período de 1º de janeiro e 15 de fevereiro deste ano, foram notificados 8.883 casos suspeitos de arboviroses, sendo confirmados 1.258 casos de febre oropouche, através de exames laboratoriais.

Esse número já ultrapassa com folga o total de casos confirmados em todo o ano passado, que foi de 995. Segundo a Fundação, não houve mortes até o momento. Manaus concentra a maioria dos casos.

A febre oropouche, assim como outras arboviroses, a exemplo da dengue, chikungunya, e zika, surge por causa da criação de um ambiente propício para criadouros de mosquitos transmissores. O principal deles é o Culicoides paraense, conhecido popularmente como Maruim, como explica o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Jesem Orellana.

“Elas são ocasionadas em função de questões sócio ambientais. Então, a falta de saneamento, uma disponibilidade parcial, ou, às vezes, até indisponibilidade de água tratada/de água potável, para consumo humano, a falta de cuidados com o entorno dos domicílios e, principalmente, com o interior dos domicílios, que proporcionam o acúmulo inadequado de água”, explica Orellana.

Em ambiente selvagem, animais primatas e o bicho-preguiça funcionam como hospedeiros do vírus. Já em comunidades rurais e cidades, o homem é o principal hospedeiro, sendo a picada do mosquito a forma de transmissão. É importante destacar que transmissão do vírus não acontece de pessoa para pessoa.

O período de incubação do vírus varia de quatro a oito dias, e os primeiros sinais da doença começam a se manifestar nesse período. Os sintomas são semelhantes aos da dengue, incluindo febre alta, calafrios, dores musculares e nas articulações, dor de cabeça, dentre outros. Daí, a importância do exame PCR, para identificação da oropouche, que além de ajudar no direcionamento correto do tratamento, elimina também a subnotificação da doença que ocorre atualmente, como explica o epidemiologista.

“Você não procura a febre oropouche, você não investiga febre oropouche por princípio. O quê que acontece, na verdade, você investiga a dengue e em caso de negatividade, em caso de exame negativo pra dengue, aí você investiga outras possibilidades diagnósticas como a febre oropouche. A gente percebe isso, que nós estamos ainda aprendendo, ainda aperfeiçoando a nossa vigilância laboratorial, melhor dizendo. E, neste contexto, você acaba perdendo um número muito grande de casos que aconteceram na comunidade, mas que não foi possível de diagnosticar”,  detalha o pesquisador.

Embora os sintomas possam durar entre cinco e sete dias, a recuperação total do paciente pode levar semanas.

A melhor forma de evitar as arboviroses é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação de mosquitos transmissores das doenças. Além dessas medidas, a prevenção contra a febre oropouche envolve, ainda, evitar adentrar em locais de mata e beira de rios, principalmente entre nove e 16 horas, realizar a limpeza de quintais, evitando o acúmulo de matéria orgânica e, quando possível, recomenda-se o uso de repelentes.

Ainda não há vacina ou antiviral disponível para o tratamento da febre oropouche. O tratamento é realizado com medicamentos para aliviar os sintomas e a hidratação.

Fonte: Agência Brasil