Mais três estados do Brasil registram casos da ‘Urina Preta’

Da Redação

Nas últimas semanas, os casos de rabdomiólise, a “doença da urina preta” assustou consumidores de um dos alimentos mais populares da região Norte. Além do Amazonas, os estados do Pará, Bahia e Ceará também registram casos de pacientes se queixando de urina com coloração escura, falta de ar, dores musculares e insuficiência renal. Geralmente, entre duas a 24 horas após consumir peixes ou crustáceos.

Segundo o Ministério da Saúde, a Doença de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, o badejo, a arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, o lagostim e o camarão.

Por ser pouco estudada, acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas. A toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.

Amazonas

O estado do Amazonas registrou ao menos 63 casos da doença da urina preta em dez municípios. Uma mulher de 51 anos morreu em Itacoatiara, a 207 Km de Manaus. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) afirmou que essa é a terceira vez que ocorrem surtos da doença no estado. O primeiro foi em 2008, com 27 casos nas cidades de Manaus e Careiro. Nenhuma morte foi registrada.

O segundo ocorreu em 2015, com 74 casos registrados em Manaus, Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Autazes e Urucurituba. Também sem mortes.

Pará

No Pará, três casos suspeitos da Doença de Haff são investigados. A maioria tem se concentrado na região do baixo Amazonas, que está no período de estiagem, quando há redução do volume na renovação da água nos ambientes naturais permitindo a proliferação de algas, o que pode ter propiciado a aparição da toxina.

Bahia

O estado da Bahia já identificou 13 casos da síndrome em 2021. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), as notificações foram feitas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Maraú, Mata de São João, Camaçari e Simões Filho. No total, cinco permanecem em investigação.

A Sesab disse que 13 casos confirmados entre janeiro e setembro deste ano são de pacientes de 20 a 79 anos. A faixa etária mais atingida é entre 35 a 49 anos, com sete casos (53,8%), seguida da faixa etária de 20 a 34 anos, com cinco casos (38,5%). Entre os casos confirmados, 66% são homens.

Ceará

No Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado investiga nove casos suspeitos. Os dados correspondem aos registros até o dia 21 de agosto e aguardam confirmação laboratorial da toxina presente em peixes possivelmente contaminados. Dos nove casos suspeitos, quatro são homens e cinco são mulheres, com idade média de 51 anos.

Tratamento

O Ministério da Saúde orienta que a hidratação do corpo é “fundamental nos momentos seguintes ao aparecimento dos sintomas, uma vez que isso permite diminuir a concentração da toxina no sangue, favorecendo sua eliminação através da urina”. Em casos mais graves, pode ser preciso fazer hemodiálise.

Não há nada específico que possa ser feito para evitar a enfermidade. Não existem formas de identificar a toxina. A indicação é consumir ou comprar peixes de locais onde se conhece o processo de transporte e acondicionamento.