Novembro Azul: FCecon reabilita pacientes oncológicos com incontinência urinária

Novembro azul- Não poder sair tranquilo de casa e ter de se levantar várias vezes durante a noite para urinar é uma das constantes reclamações de quem sofre de incontinência urinária. O problema é muito comum em homens com cânceres urológicos e a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), oferece tratamento aos pacientes oncológicos.

O serviço é realizado pelo setor de Fisioterapia da FCecon, para onde os pacientes são encaminhados pela equipe médica quando identificada a incontinência urinária, que é qualquer perda involuntária de urina causada pelo descontrole do esfíncter, músculo que funciona como uma válvula que fecha a uretra.

Segundo o urologista da FCecon, Giuseppe Figliuolo, a incontinência urinária está relacionada a problemas neurológicos, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Parkinson, e a problemas na próstata, principalmente câncer.

“Após o tratamento do câncer de próstata, seja com cirurgia ou radioterapia, existe uma chance que varia entre 1% a 5% de ter sequela de incontinência urinária. Essa incontinência urinária pode ser tratada com fisioterapia e medicação”, explica o médico.

Tratamento – A FCecon atende pacientes oncológicos com queixa de perda involuntária de urina e oferece tratamento para conter a incontinência, oferecendo qualidade de vida a quem sofre do problema, conforme a fisioterapeuta da FCecon, Analuiza Loureiro Guerreiro, que atua na área de saúde pélvica e da mulher.

Entre as linhas de tratamento oferecidas, está a terapia comportamental, que consiste em orientar o paciente a modificar atitudes no dia a dia, como por exemplo, controlar a vontade de urinar. Ao sentir necessidade de utilizar o banheiro, este paciente aprende a fazer isso de forma tranquila e não apressada, realizando contração e relaxamento antecipatório ao desejo de urinar.

É realizado, ainda, o treinamento do assoalho pélvico, que aumenta a consciência corporal do paciente e melhora a resistência uretral. O serviço de Fisioterapia também utiliza a técnica de eletroestimulação, que, através da neuromodulação no nervo pudendo, traz respostas no reflexo uretral e na musculatura do assoalho pélvico.

“Com toda essa linha de tratamento, nós conseguimos melhorar a autoestima dos nossos pacientes, a qualidade de vida e, consequentemente, torná-los sociáveis novamente”, afirma Analuiza.

Dificuldades – O paciente Eli Rodrigues, de 78 anos, descobriu um câncer na bexiga em 1999. O tumor foi retirado, na FCecon, e Eli passou sete anos sem novas aparições da doença. Depois desse período, foram surgindo vários tumores e dificuldades ligadas ao sistema urinário e Eli soma 16 cirurgias na uretra, próstata e abdômen.

O paciente tem, atualmente, hiperplasia benigna, mais conhecida como ‘próstata aumentada’ e faz acompanhamento na Fundação Cecon. Ele luta há vários anos contra a incontinência urinária e diz que, por conta da dificuldade em segurar a urina, chegou a deixar de sair para lazer com seus amigos. Mas a maior dificuldade era perder noites de sono.

“Como tenho problema na próstata, ela é benigna, mas está grande, eu levantava 10, 12 vezes durante a noite para urinar. Não tinha qualidade de sono, praticamente de vida. Se eu estava na rua, eu tinha que procurar lugar para mictar”, conta o paciente.
Qualidade de vida – Eli iniciou o acompanhamento no Ambulatório da Fisioterapia da FCecon há quase 2 meses e já sente melhoras. “Tenho feito acompanhamento com a doutora Ana e respeitado os exercícios que ela me passa. Realmente tenho melhorado bastante. Hoje, tenho levantado de 3 a 5 vezes durante a noite (para urinar)”, afirma.

O tratamento para a incontinência vai continuar com novas fases e técnicas. Mas a fisioterapeuta Analuiza comemora a devolução da qualidade de vida ao paciente. “O nosso trabalho aqui, no Ambulatório da Fundação Cecon, é realizar a fisioterapia como um tratamento conservador, de baixo custo e com resultados bastante benéficos para esses pacientes”, destaca.

Fotos: Laís Pompeu/FCecon