Após ataques, Omar Aziz declara: Ser palestino é um ato de resistência

Nesta terça-feira (03), após a denúncia feita pelo senador Rogério Carvalho durante os primeiros minutos da audiência da CPI sobre a covid-19, o senador da república, Omar Aziz, relatou estar sendo vítima de “intimidação” por parte do governo de Jair Bolsonaro.

Omar apontou o vazamento de informações da ABIN como tentativa de difamação política, em cujos documentos era retratado como “subversivo” devido a sua atuação contra o regime militar, na busca pela conquista da redemocratização do país.

Esse tipo de conduta de intimidação por parte de opositores é algo comum na política brasileira, porém, o caso do Senador Omar Aziz passou dos limites, pois ele tem recebido diversos ataques, inclusive, xenofóbicos, pelo fato de o presidente da Comissão ser um palestino em diáspora e segundo um documento divulgado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), o congressista foi intitulado como “o palestino” – entendido aqui de maneira pejorativa – durante o regime militar.

As ofensas e falas discriminatórias tem acontecido após Aziz criticar na CPI oficiais militares suspeitos de envolvimento em corrupção, os quais chamou de “lado podre” das forças armadas.

Diante desses documentos está claro o plano dos militares, que é tentar constrangê-lo a fim de interromper as investigações parlamentares sobre a conduta do governo federal em relação à covid-19 e as suspeitas de corrupção dos militares no Ministério da Saúde.

Sem demonstrar medo ou vergonha de suas origens, Aziz declarou sentir muito orgulho de ser filho de um palestino, não possuindo nenhuma vergonha de sua descendência.

Em resposta, o senador foi além, afirmou que, enquanto os protestos bolsonaristas ostentam centenas de bandeiras de Israel, o presidente, Jair Bolsonaro encontra-se com nazistas, comprovando que o presidente não respeita a memória do holocausto, nem os judeus que o apoiam, ao confraternizar com nazistas.

Nos últimos anos, reconhecer-se como palestino ou até mesmo árabe, no Brasil, tem sido uma tarefa muito difícil. Com a ascensão de movimentos religiosos fundamentalistas, que possuem a defesa de Israel como eixo central de sua narrativa, a comunidade árabe, mais especificamente, a palestina, tem sido vítima de ataques ferozes nas redes sociais e nas ruas. Frequentemente associados com terrorismo, seja pela descendência, seja pela religião que professa, a numerosa população árabe que no passado foi vista como amiga, está sendo vista como inimiga de alguns setores da população, apesar de o Brasil sempre ter acolhido com tanto carinho os imigrantes e refugiados palestinos e árabes.

Portanto, a fala do Senador Omar Aziz, uma personalidade palestina que a cada dia ganha mais visibilidade no cenário nacional, é um ato de resistência e um elemento impulsionador do orgulho da diáspora palestina, libanesa, síria e muitas outras que, atônitas e sem saber como reagir a tantos ataques, se silenciam na esperança de evitar maiores danos.