Empresas de turismo são acusadas de maus-tratos a golfinhos usados em parques

Ativistas do The Dolphin Project registraram em uma câmera momentos em que pescadores capturaram golfinhos e os carregaram em barcos pela enseada de Taiji, no Japão.

Lutando para escapar da rede que os prendia, os animais se machucaram e deixaram um rastro de sangue pela água.

De acordo com os ativistas, os destinos destes golfinhos podem ser os parques de entretenimento ou a morte para a venda da carne.

Segundo Tim Burns, gerente de campanha do The Dolphin Project, ao qual pertencem os ativistas que registraram as imagens, “a estimativa é de que, para cada mil mamíferos marinhos capturados, cerca de 200 entram em cativeiro e o restante tem sua carne comercializada”. A venda dos animais pode render aos pescadores até 190 mil libras.

Acredita-se ainda que a empresa de viagens TUI seja o único grande empreendimento britânico a oferecer um pacote de férias para “experiências com golfinhos”. Ela possui parceria com o resort Atlantis Sanya, na China, que dispõe de um parque aquático para os hóspedes “conhecerem e interagirem” com os golfinhos, enquanto os fotógrafos capturam o momento. A experiência custa 130 libras por dia.

Botos da Amazônia

No Amazonas, a prática de usar animais silvestres em atividades turísticas também não é novidade. Podemos citar como exemplo as duas espécies famosas de botos que habitam a bacia amazônica, como o boto-cor-de-rosa e o boto-preto, que são usados como atração em parques ecológicos localizados no Rio Negro.

Em 2018, o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas chegou a promover uma audiência pública para obter informações, sugestões, críticas ou propostas relacionadas à prática de exploração dos animais.

A temática da audiência foi acompanhada na época por meio de inquérito civil, instaurado pelo MPF para apurar a prática de exploração de botos silvestres no Parque Ecológico de Janauari, localizado no Rio Negro, em Manaus.

Durante esses passeios, adultos, crianças e turistas de todas as formas pagam para alimentar os botos, que visivelmente ficam agitados com a presença humana em seu habitat natural.

Maus-tratos contra animais

Ficar sem ação ao tomar conhecimento de um caso de maus-tratos contra animais, como o narrado acima, é ser conivente com o crime. Nessas situações, não há outra saída a não ser denunciar. Pode ser um cachorro que vive acorrentado na casa vizinha, um pet shop que mantém animais em gaiolas minúsculas ou até um cavalo que é explorado até o seu limite na rua. Todas essas situações ou qualquer outra que configure maus-tratos devem ser levadas a conhecimento da polícia e de entidades ambientais.

A Lei Federal prevê prisão de três meses a um ano para quem pratica maus-tratos, além de multa. Em caso de morte do animal, a punição pode ser aumentada de um sexto a um terço.

E a lei vale para todos, segundo a advogada Mônica Grimaldi, especializada em legislação de animais e área pet. “Seja criador, protetor, médico-veterinário ou detentor de animal, qualquer dessas circunstâncias é considerada crime de maus-tratos, sim”.