TSE bloqueia financiamento de onze canais que veiculam fake news

O corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro Luis Felipe Salomão, decidiu contra a monetização de propagadores de mensagens falsas sobre as eleições. As fake news atingem perfis com alto alcance nas principais plataformas digitais. Os perfis são ligados a 11 influenciadores digitais, três veículos de mídia (Terça Livre, Folha Política e Jornal da Cidade Online) e um movimento político (Nas Ruas), todos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Juntas, essas contas somam mais de cinco milhões de seguidores no Facebook e Instagram e 9,1 milhões de inscritos em seus canais no YouTube.

O impacto dos perfis no Facebook e Instagram foi medido com base em informações do CrowdTangle, plataforma oficial de monitoramento mantida pelo Facebook.

Foram identificados Na plataforma de vídeo, ao menos 4.394 publicações que abordam temas eleitorais com referências diretas ao TSE, ao Supremo Tribunal Federal (STF), às urnas eletrônicas e a ministros dos tribunais superiores, como o presidente da Corte eleitoral, Luís Roberto Barroso.

A Polícia Federal identificou que os perfis integram uma rede organizada para estimular a polarização do debate político, especialmente com o impulsionamento de mensagens falsas sobre fraudes no sistema eletrônico de votação.

O canal com maior número de seguidores no YouTube e que soma o maior número de vídeos relacionados a eleições é o da Folha Política (2,6 milhões), site administrado por Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves, alvos de buscas no âmbito do inquérito no ano passado. O perfil costuma reproduzir declarações de Bolsonaro com acusações falsas de fraude sobre o processo eleitoral brasileiro.

Em um dos vídeos, o canal reproduziu trechos da live do presidente este mês que motivou a investigação contra Bolsonaro por disseminação de desinformação sobre as urnas eletrônicas.

A publicação no YouTube, do dia 4 de agosto, é intitulada “Bolsonaro apresenta provas de invasão dos sistemas do TSE produzidas pelo próprio TSE” e teve mais de 120 mil visualizações. O canal também reproduziu ataques a Barroso e a Moraes.

O Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos, já foi alvo de remoções de vídeos por descumprir regras da plataforma ao publicar um vídeo com alegações de fraude nas eleições americanas de 2020 e chegou a ser completamente removido pelo Google, empresa dona do YouTube, com amparo de uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. A Justiça, porém, em seguida determinou o retorno do canal provisoriamente. A conta tem 1,24 milhão de inscritos.

Mesmo após a decisão do TSE, parte desses perfis continuou a fazer postagens mirando ministros da Corte. O canal “Te Atualizei”, mantido por Bárbara Zambaldi Destefani, tem o segundo maior número de seguidores, mais de 1,26 milhão. Bárbara não estava entre os alvos da investigação sobre os atos antidemocráticos.

Nas redes sociais, a youtuber tem feito críticas à decisão de desmonetizar seu canal. Em um vídeo publicado na noite de anteontem, após a decisão de Salomão, Bárbara diz que faz as postagens sozinha “porque não tem um gabinete do ódio” e mandou um recado para Barroso:

“Senhor ministro Barroso, sabe quando a gente vai parar? Nunca. Viu galera, vamos permanecer juntos independente da vontade dos seres superiores.”

Outro youtuber alvo da decisão, Emerson Teixeira, publicou um vídeo ontem com uma montagem usando o rosto de Alexandre de Moraes. Na postagem, ele canta uma música em que afirma que “implantaram uma ditadura no país”.

Entre os influenciadores estão ainda Fernando Lisboa, Camila Abdo, ligada ao canal Direto aos Fatos e ao Jornal da Cidade Online, e Alberto Junior da Silva, do Giro de Notícias. Todos já eram investigados pelo STF por ataques à Corte.

Com informações de O Globo