“Cadê o dono dos cachorros?”, cobra mãe de menino morto em ataque

Do R7

menino que morreu após ter sido atacado por seis cachorros em Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, era Luiz Fernando Teixeira de Santana, de 10 anos. O estudante foi buscar a pipa em um terreno na rua Manoel Soares de Oliveira e se deparou com os animais por volta das 14h30 desta quarta-feira (25). Um homem também ficou ferido após tentar salvar a criança.

A mãe de Luiz, Rita de Cássia, conta que o filho “não chegou a almoçar e tomou um refrigerante, ele passou do meu lado com a sacola de pipa”. Depois, ela não viu mais o garoto com vida.

Luiz Fernando era o caçula de 5 irmãs e iria realizar um sonho: conhecer o Rio de Janeiro. “Se eu sonhava que ele vinha para cá [terreno], eu não ia deixar porque eu nunca deixava ele sair sozinho”, revelou a mãe. 

Ele estava acompanhado de amigos ao pular o muro, que é baixo, mas não conseguiu voltar como as outras crianças. Os animais teriam arrastado Luiz. O terreno também não apresenta placa com sinalização de animal feroz.

Moradores gritaram e jogaram pedras nos animais, mas não foi possível socorrer o garoto. A mãe Rita de Cássia cobra explicações: “eu quero justiça. Cadê o dono do terreno? Cadê o dono dos cachorros?”.

O caso foi registrado como morte suspeita no 16º Distrito Policial (Vila Clementino), mas será investigado pelo 35º DP (Jabaquara). Diligências são realizadas para localização do proprietário do terreno. Além disso, a Polícia Civil solicitou exame para avaliar se houve maus-tratos aos animais e apura eventual omissão de cautela na guarda dos cães.

O caso

De acordo com a Polícia Militar, Luiz Fernando pulou o muro para tentar pegar uma pipa que caiu em um terreno baldio, próximo a uma feira livre. No local viviam seis cachorros – quatro pitbulls, um rottweiler e um vira-lata – todos de grande porte, que eram usados para segurança. Ainda segundo a PM, um segurança ia duas vezes por semana ao local para dar água e comida para os cães.

No momento em que o menino entrou no terreno, foi atacado pelos cachorros. Um homem, de prenome Edilson, de 20 anos, tentou salvar a criança, mas também foi atacado pelos animais. Ele foi mordido nas pernas e não conseguiu socorrer o menino.

Edilson foi levado pelos bombeiros para o Hospital Municipal Dr Arthur Ribeiro de Sabóia, onde foi encaminhado para a sala de sutura, tomou vacina antitetânica e foi liberado em seguida.

A Polícia Militar foi acionada. Quando os policiais chegaram, conseguiram entrar pelo portão principal do terreno. No momento em que a equipe entrou, a criança ainda estava sendo atacada pelos cães.

Os policiais, então, atiraram em direção aos cachorros e um foi atingido. Os outros cães se assustaram com o barulho dos disparos e correram em direção às baias, no fundo do terreno.

Logo em seguida, quatro equipes do Corpo de Bombeiros e o helicóptero Águia da Polícia Militar chegaram e tentaram reanimar o garoto. Naquele momento, os cachorros novamente foram em direção às equipes para atacá-los e os policiais militares atiraram novamente. Ao todo, três cães morreram e um ficou ferido.

O menino teve o corpo todo mordido, principalmente a cabeça, e morreu no local. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal e já foi liberado. O velório de Luiz Fernando acontece no Cemitério de Campo Grande, na zona sul de São Paulo. O sepultamento será no mesmo local.

Cães 

A DVZ (Diretoria de Divisão de Vigilância de Zoonoses) mobilizou uma equipe composta pelo diretor da unidade, três agentes de zoonoses e três veterinários para resgatar os animais nesta quarta-feira (25).

O órgão fica responsável pelo atendimento à saúde dos cães e poderá autuar o proprietário por maus-tratos. A equipe vai também acionar a delegacia de proteção de crime contra os animais. Todos os cães estão em procedimento de chipagem.

Os três cachorros sobreviventes foram removidos. Um deles tem um ferimento na pata e foi encaminhado para o Hospital Público Veterinário da zona leste, mas não corre risco de morte. Os outros dois cães estão em tratamento na DVZ. Eles passaram bem a noite e foram medicados. 

O recolhimento de cães pela Divisão de Vigilância em Zoonoses segue o disposto na Lei Municipal 15023/09. É realizado quando os animais são encontrados soltos em vias públicas nos casos de agressão, ou apresentam risco à saúde humana, invasão comprovada a instituições públicas ou locais em situação de risco, bem como nos casos de animais em estado de sofrimento.