Após usar frases com alusão a Adolf Hitler, secretário da Cultura de Bolsonaro é exonerado

O secretário especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o diretor de teatro Roberto Rego Pinheiro, conhecido como Roberto Alvim, fez um discurso durante um pronunciamento que foi ao ar na noite desta quinta-feira (16), onde ele cita trechos de uma fala do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, durante o governo nazista .

A fala de Alvim foi usada para anunciar a liberação de R$ 20 milhões para o Prêmio Nacional das Artes. No discurso, o diretor de teatro disse que “a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.

A declaração se assemelha exatamente como a utilizada pelo ministro nazista, dita em 8 de maio de de 1933, no hotel Kaiserhof, em Berlim, voltada para diretores de teatro. “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.”

Não foi a única referência de Alvim ao nazismo no discurso. O secretário utiliza a canção do compositor Richard Wagner, que teve a ópera ‘Lohengrin’ utilizada contra o “judaísmo na música”. Em sua autobiografia, Hitler disse que a obra de Wagner teve importância capital em sua vida.

A composição é ouvida enquanto Alvim faz seu pronunciamento e também foi usada na famosa cena em que Charlie Chaplin manipula o globo terrestre, caracterizado como Adolf Hitler, no filme ‘O Grande Ditador’.

Após o infeliz pronunciamento do secretário especial da Cultura do governo, o presidente Jair Bolsonaro exonerou Roberto Alvim nesta sexta-feira (17).

A exoneração foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União, no início da tarde. O secretário-adjunto do órgão, José Paulo Soares Martins, deve assumir o comando interino até a escolha de um substituto.

Em nota, Bolsonaro afirmou que a permanência de Alvim no governo ficou “insustentável”.