Núcleos neonazistas crescem 270%; especialistas atribuem à extrema direita no governo Bolsonaro

Atualmente existem pelo menos 530 núcleos neonazistas no Brasil. Ao todo, são cerca de 10 mil pessoas ativas. Os dados são da antropóloga Adriana Dias, que revelou a estatística, neste domingo (16), em rede nacional.

A informação revelou que as células de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021. Sobretudo, impulsionadas pelos discursos de ódio da extrema-direita contra as minorias representativas, amparados pela falta de punição.

Segundo a antropóloga, a maioria dessas pessoas se identificam abertamente como neonazistas e têm em comum o ódio contra feministas, judeus, negros e a população LGBTQIAP+

“Eles começam sempre com um ódio ao feminino. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a gays, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto”, declarou.

A juíza federal Cláudia Dadico apontou a falta de punição e de uma legislação clara sobre esse tema e contra o discurso de ódio no Brasil, como obstáculo para a punição desses criminosos.

“Os casos que tenho acompanhado da Polícia Federal tem tido realmente um esforço grande no sentido de investigar e punir. O que ocorre é que muitas vezes alguns operadores do direito têm uma compreensão da liberdade de expressão que acaba, de certa forma, obstaculizando a punição desses crimes, que claramente não se situam dentro do campo da liberdade de expressão”, afirmou Dadico.

O promotor de justiça do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco-RJ), Bruno Gaspar, ressalta que “a liberdade de expressão não é ilimitada. Ela não autoriza manifestação discriminatória ou preconceituosa.”

Os núcleos nazistas se concentravam na região Sul do Brasil, mas a antropóloga Adriana relata que as células se espalharam para as cinco regiões do Brasil. Ela destaca a região Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para Minas Gerais e Rio de Janeiro