Carlos e Flávio Bolsonaro tinham assessores com empregos privados

Da Redação

O Ministério Público investigou o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) com embasamento nas mesmas suspeitas de desvio de dinheiro público que recaem sobre o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). A investigação também identificou ex-assessores que mantinham ocupações incompatíveis com funções públicas enquanto nomeados no gabinete dele.

Provas citadas no pedido de quebra de sigilo de Flávio, em abril de 2019, foram obtidas do mesmo modo que as utilizadas no documento que resultou na quebra de sigilo de Carlos, em maio deste ano.

Por meio de consultas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Ministério Público do Rio mostrou nas duas investigações que funcionários que deveriam trabalhar com exclusividade no Legislativo mantinham ocupações paralelas na iniciativa privada. No caso de Flávio – que já foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita no caso das “rachadinhas” -, a quebra de sigilo aprofundou os indícios de que havia funcionários “fantasmas” no gabinete.

A informação sobre oito assessores de Carlos que se enquadram nesse perfil foi revelada pelo jornal O Globo. Para a Promotoria, os caminhos podem levar à comprovação de que esses “fantasmas” desviavam parte de seus salários para o vereador. Quando conseguiu esmiuçar os dados bancários, fiscais e de celular dos ex-funcionários de Flávio, o MP mostrou transações financeiras e mapas de calor que corroboravam a tese de que eles desviavam o dinheiro público. Configurava-se assim o suposto crime de peculato, que ocorre quando servidor se apropria de recursos oficiais.

Entre os funcionários envolvidos naquela época e que foram descobertos por meio de buscas no Caged, estavam duas filhas de Fabrício Queiroz, o suposto operador do esquema do então deputado estadual. Agora, com os ex-assessores de Carlos, aparecem parentes da própria família do presidente Jair Bolsonaro – mais especificamente da segunda ex-mulher dele, Ana Cristina Valle. Um irmão e uma cunhada dela aparecem na lista dos oito que tinham outros empregos. Ele, numa fábrica de automóveis; ela, numa creche.