Crescem em Manaus mortes e internações por covid, alerta cientista

Pesquisador da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana fez um alerta sobre o aumento na média móvel de casos de covid-19 (coronavírus) em Manaus, e apresentou dois indicadores preocupantes da doença na capital.

Neste mês, cresceu na cidade o número internações (41,4%) por covid-19 e sepultamentos (31,2%).

De acordo com o pesquisador, entre os dias 3 e 9 deste mês foram 32 enterros na capital contra 42 na semana de 17 a 23. No mesmo período, as internações hospitalares subiram de 22 para 31.

“Além do aumento na circulação viral e no número médio de internados em leito clínico e de UTI em Manaus, agora temos aumento significativo no número de sepultamentos com ‘pouquíssimos’ óbitos por covid-19. A média histórica de sepultamentos diários em Manaus gira em torno de 30”, observou Orellana ao BNC Amazonas.

Para ele, há forte indício de subnotificação de mortes por covid-19 ou atraso na divulgação correta delas.

“Injustificável, sobretudo se lembrarmos que Manaus é uma das poucas grandes capitais do país sem Serviço de Verificação de Óbito (SVO), mesmo depois de tudo que vimos durante a pandemia!”, criticou.

Sem nenhuma ação do poder público, o pesquisador diz que a subnotificação tem sido alertada há meses.

Orellana faz referência ao estudo “Excesso de mortes por causas respiratórias em oito metrópoles brasileiras durante os seis primeiros meses da pandemia de covid-19”, realizado sob sua coordenação.

Segundo nota da Fiocruz, a finalidade desse estudo foi estimar o excesso de mortes e suas diferenças em adultos com 20 anos.
Dados da pesquisa

Os dados foram coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade e na Central de Informações do Registro Civil Nacional.

As estimativas de óbitos esperados foram obtidas por meio de modelos aditivos generalizados quasi-Poisson com ajuste de sobredispersão.

Entre 23 de fevereiro e 13 de junho de 2020, por exemplo, foram registradas 74.410 mortes naturais em quatro cidades, com excesso de mortes de 46% (IC95%: 44-47).

O maior excesso de mortes ocorreu em Manaus, 112% (IC95%: 103-121), seguida por Fortaleza, 72% (IC95%: 67-78), Rio de Janeiro, 42% (IC95%: 40-45) e São Paulo, 34% (IC95%: 32-36).

“A elevada porcentagem de mortes excedentes, de mortes não explicadas diretamente pela covid-19 e de mortes fora do hospital sugerem alta subnotificação de mortes por Covid-19 e reforça a extensa dispersão do Sars-CoV-2, como também a necessidade da revisão de todas as causas de mortes associadas a sintomas respiratórios pelos serviços de vigilância epidemiológica”, diz a nota.